Moscou e Londres reunem-se para "aparar" arestas bilaterais
O presidente russo, Dmitri Medvedev, reuniu-se nesta segunda-feira (12) com o premiê britânico, David Cameron, para analisar o estado das relações bilaterais, em especial, as econômicas e comerciais e assuntos pendentes.
Publicado 12/09/2011 18:05
A visita de Cameron a Moscou, a primeira de um chefe de governo britânico nos últimos seis anos, inclui um encontro com seu colega russo, Vladimir Putin.
Cerca de 50 empresários acompanham o chefe de governo conservador, em meio ao crescimento da atividade econômica, apesar das diferenças políticas entre ambos os países.
Só no primeiro semestre deste ano o comercio entre esses países cresceu 49,1 por cento, para se situar em US$ 10,3 bilhões, indicou o serviço de imprensa do Kremlin.
Da mesma forma, os investimentos britânicos na Rússia chegaram a US$ 40,8 bilhões até 2010, para ficar em quinto lugar nesse parâmetro, só superado por Chipre, Holanda, Luxemburgo e Alemanha.
Atualmente, as discordâncias entre a Rússia e o Reino Unido incidem em dois problemas fundamentais: a situação na Síria e a história da morte do ex-oficial do Serviço Federal de Segurança da Rússia, Aleksandr Litvinenko, ocorrida em Londres.
As autoridades britânicas acusam Andrei Lugovoi, um ex-funcionário dessa agência russa e hoje deputado da Câmara Baixa do Parlamento federal pelo assassinato e exigem sua extradição.
Todavia, o Governo russo não está disposto a aceitar essa reivindicação. "A extradição é impossível", declarou Dmitri Medvedev. Há problemas também por pontos de vista diferentes sobre os acontecimentos no norte do Cáucaso em 2008.
Além disso, Londres converteu-se nos últimos tempos em centro de acolhida de vários oligarcas e magnatas procurados pela justiça russa.
No período, Moscou e Londres trocaram em várias ocasiões a expulsão mútua de diplomatas, acusados de espionagem.
Por seu lado, o ministro britânico do Exterior (Foreign Affairs), William Hague, afirma que é necessário fazer mais pelo avanço das relações econômicas e atrair o empresariado russo ao Reino Unido, bem como manter os investimentos britânicos nesta nação.
Congelamento das relações
“Mesmo se nossas visões em relação a umas determinadas questões da vida interna ou internacional são diferentes, o principal é não permitir que isso incida negativamente no caráter geral das relações internacionais” – destacou Medvedev, analisando relações entre as duas nações após o encontro.
"Devemos todos aprender a respeitar nossas bases jurídicas. Não não me falta a memória, o Artigo 61 da Constituição russa estabelece terminantemente que o cidadão russo não pode ser extraditado para um Estado estrangeiro para lá se submeter ao julgamento ou inquérito policial", diz Medvedev, sobre o pedido de extradição de Lugovoi para o Reino Unido.
"É o que jamais haverá, aconteça o que acontecer. Estamos, igualmente, questionando de forma ampla a implementação de determinadas decisões, por exemplo, no território do Reino Unido. Todavia, não falamos de tais coisas", afirmou o governante.
Tanto o dirigente russo como o primeiro-ministro britânico acham que tais problemas não devem congelar as relações bilaterais. "Não mudamos de posição no que se refere à questão em análise", disse David Cameron. "Mas não penso que devamos congelar por completo todas nossas relações", prosseguiu.
"O que devemos fazer como sendo dois países maduros e racionais é tentar dar uma olhada para ver se não se poderia construir uma relação de interesse mútuo, abrangendo temas importantes e que contribuam para o desenvolvimento dos dois países", continuou Cameron.
"Queremos que os investimentos aumentem, assim como o número de postos de trabalho. Queremos o progresso e a estabilidade no Oriente Médio. Queremos resolver os problemas provocados pela proliferação das armas nucleares e pelo perigo essas armas pararem em mãos inadequadas", filosofou.
Os dois países estão também dispostos a resolver os problemas surgidos em torno da situação na Síria, apesar das diferenças nas posições ocupadas pela Rússia e o Reino Unido. "Não é uma diferença dramática, porém existe" – frisou Dmitri Medvedev.
"O lado russo parte da necessidade de adotar com relação à Síria uma resolução rígida, mas que esteja equilibrada e seja dirigida aos dois lados envolvidos no conflito na Síria, ou seja, às autoridades oficiais com Bashar al-Assad à frente e também à oposição", considerou o chefe de estado russo.
No entanto, a postura imperial do governo britânico não vê qualquer possibilidade de futuro para o atual dirigente sírio. "Não vemos um futuro para o presidente Assad e seu regime na Síria. Penso que eles lá perderam sua força legal. O que aconteceu na Síria é inadmissível. O que está se fazendo contra a população civil é incorreto e tem que ser parado", trovejou.
Quanto às esferas principais da interação entre os dois países, a colaboração vai continuar e, conforme acentuou Dmitri Medvedev, "será construtiva no mais alto grau".
Com agências