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Inácio prevê muito debate contra fim de coligações proporcionais

O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), autor de voto em separado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), prevê um debate “aceso” no plenário do Senado durante votação do fim das coligações proporcionais. A proposta foi aprovada nesta quarta-feira (5) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. De acordo com a proposta aprovada, são admitidas coligações apenas nas eleições majoritárias (presidente, governador, prefeito e senador).

“Vamos discutir muito no plenário porque consideramos um grande retrocesso proibir os partidos de realizar coligações. Coliga quem quiser, não podemos institucionalizar o fim das coligações”, afirma o senador, para quem existe bons argumentos para se contrapor à medida.

“Vamos arguir muito sobre o fato de que precisamos de política que fortaleça partidos e democracia e não crie restrições e conservadorismo que é o que se está pretendendo”, disse Inácio, acrescentando outro argumento que será apresentado nos debates do Plenário.

O argumento de que se quer acabar com as coligações nas eleições proporcionais e mantê-las nas eleições majoritárias também será usado pelo senador comunista. “É bom para nós e uma indecência para os que propõem proibição de coligações para proporcionais e liberado para majoritários”, disse.

E derruba as argumentações dos que defendem a proposta. “Não tem sustentação dizer que as coligações permitem que um partido ‘pegue carona’ na votação de candidato de outro partido”, afirma, citando o exemplo do ex-deputado Enéas Carneiro, do extinto Prona, que não precisou de coligação para eleger seis deputados federais, inclusive um que morava em Brasília e foi eleito pelo estado de São Paulo.

A proposta elaborada pela Comissão da Reforma Política que acaba com as coligações partidárias nas eleições para deputado e vereador já havia sido aprovado em junho na comissão e aguardava análise do Plenário, mas voltou a ser examinado na CCJ em virtude da aprovação de requerimento para que tramitasse em conjunto com outra matéria que trata do mesmo tema. A matéria será votada em Plenário antes de seguir para a Câmara dos Deputados.

Voto em separado

Os senadores Inácio Arruda e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) apresentaram, respectivamente, voto em separado pelo arquivamento da matéria e emenda ao projeto. Inácio Arruda queria arquivamento da proposta porque considera que atenta contra o princípio constitucional do pluripartidarismo político.

O senador questionou o fato de aquilo que chamou de "puritanismo ideológico" não ser aplicado nas eleições majoritárias. “Esse sentido é conservador, é reacionário, não ajuda o processo de consolidação político-partidária”, criticou.

A emenda do senador Antônio Carlos Valadares propunha a criação da Federação de Partidos. Esse tipo de associação, segundo o senador, exigiria fidelidade partidária, ao contrário do que ocorre com as coligações, que acabam desfeitas no fim do processo eleitoral.

Ao defender a aprovação de sua emenda, Valadares afirmou que, da maneira como foi aprovada, a PEC não passará na Câmara dos Deputados e que a federação de partidos seria uma alternativa aceita pela outra Casa.

De Brasília
Márcia Xavier
Com Agência Senado