Greve dos bancários já é considerada a maior em 21 anos

Os números comprovam: após 17 dias de paralisação, a greve dos bancários já fechou mais de nove mil agências em todo o país. Desde 1990, esta revela-se ser a maior greve da categoria.

No Ceará, esta estimativa também se reflete no número de agências fechadas. Segundo do Sindicato dos Bancários, 305 agências estão paradas em todo o Estado. “Por ser uma greve nacional, a força da paralisação é contabilizada com o conjunto dos estados. Estamos dando a nossa contribuição para fortalecer o movimento com manifestações ousadas e também com a massiva adesão de bancários das agências privadas”, avalia Gabriel Rochinha, membro do Sindicato dos Bancários do Ceará.

Dentre as manifestações realizadas pelos bancários cearenses estão cortejos fúnebres, protesto com manifestantes seminus, elaboração de versos de cordel para denunciar e ainda passeata com os funcionários dos Correios que também estão em greve.

Segundo Gabriel Rochinha, o funcionamento dos auto-atendimentos nas agências aliado ao silêncio dos bancos é uma soma favorável. “A sociedade vê a intransigência dos banqueiros, que se negam a negociar. O apoio das pessoas fortalece ainda mais nosso movimento”, considera. O sindicalista fez parte de uma comissão de grevistas cearenses que, em São Paulo, buscou reabrir as negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).

Negociação

A iniciativa parece ter dado certo. Após 16 dias de greve nacional, a Fenaban decidiu retomar as negociações com o Comando Nacional dos Bancários. Na tarde desta quinta-feira (13/10) haverá nova rodada de negociação em São Paulo. "Foi a força da greve, que paralisa mais de 9 mil agências de bancos públicos e privados em todos os 26 estados e no Distrito Federal, que reabriu finalmente o diálogo e agora esperamos que os bancos venham para a mesa de negociações com uma proposta decente que atenda as justas reivindicações da categoria", afirma Carlos Cordeiro, coordenador do Comando Nacional.

Reivindicações

Os bancários reivindicam reajuste de 12,8% (aumento real de 5% mais inflação do período), valorização do piso, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), mais contratações, extinção da rotatividade, fim das metas abusivas, combate ao assédio moral, segurança contra assaltos e sequestros, igualdade de oportunidades, melhoria do atendimento dos clientes e inclusão bancária sem precarização, dentre outros itens.

Segundo Rochinha, a luta da categoria está além de um reajuste salarial. “Nós, bancários, nos sentimos no limite físico e psicológico. Não é só cláusula econômica que resolverá. Lutamos por melhores condições de trabalho, mais segurança e queremos acabar com o grande assédio moral para o cumprimento de metas”, reforça.

Próximos passos

Os bancários em greve no Ceará realizam nova assembleia na tarde desta quinta-feira (13/10), em Fortaleza, para avaliar a paralisação. Uma nova assembleia deverá ser agendada para amanhã (14). Neste novo encontro, serão analisadas as propostas apresentadas na reunião entre Comando Nacional dos Bancários e Fenaban e definirá os próximos passos da categoria, entre eles, a continuidade ou suspensão da greve.

De Fortaleza,
Carolina Campos (com informações do Sindicato dos Bancários do Ceará)