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José Tavares: "O PCdoB me dá o valor que mereço"

O reitor da Universidade Federal do Amapá (Unifap), José Tavares, hoje uma pessoa de destaque na sociedade amapaense e na comunidade científica internacional, foi um pobre menino que passava fome. Ele aceitou conselho materno, estudou e agora tem história pra contar.

A única forma de se sair da pobreza é estudando”. Essa frase foi pronunciada há muito tempo pela senhora Maria de Lourdes Tavares, uma mulher simples do então Bairro da Favela, hoje Santa Rita, mãe de nove filhos, um deles o atual reitor pela segunda vez consecutiva da Unifap, José Carlos Tavares Carvalho.

José Carlos foi assim na infância, adolescência e parte da juventude: negro, pobre, criado só pela mãe com outros oito irmãos. Hoje, o conhecido professor José Tavares é farmacêutico com mestrado, doutorado e pós doutorado na área de farmacologia.

Ele tem um detalhe ímpar na história dos reitores das universidades de todo o mundo. Acompanhe a entrevista com o professor José Carlos Tavares Carvalho.

Diário do Amapá – O senhor é amapaense…
José Carlos Tavares Carvalho – Sou amapaense de Macapá.

Diário – Nascido onde?
José Tavares – No Bairro da Favela (hoje Santa Rita).

Diário – Em que perímetro?
José Tavares – Ah, na parte mais conservada da cidade: avenida Almirante Barroso, 619, entre Leopoldo Machado e Hamilton Silva.

Diário –Por que o senhor fala a parte mais conservada da cidade?
José Tavares – Ali onde nasci e moro é a única rua de Macapá que tem esgoto. Lá não existe fossa.

Diário – Se o senhor nasceu em casa foi amparado por parteira…
José Tavares – É verdade. Minha parteira foi a “Vó Dica”.

Diário – Como foi a sua infância?
José Tavares – Menino pobre de passar fome.

Diário – E como foi para surgir o professor José Tavares na sociedade?
José Tavares – Conselho de mãe.

Diário – Como assim?
José Tavares – Minha mãe, sozinha com nove filhos, dizia que a única forma de se sair da pobreza é estudando.

Diário – E isso foi feito?
José Tavares – Sim. Hoje meus oito irmãos são formados, como eu.

Diário – Bem, o José estudou, fez faculdade. Quando aconteceu a formatura em Farmácia?
José Tavares – Aos 23 anos de idade, na Universidade Federal do Pará, a UFPA.

Diário – Depois o senhor voltou para o Amapá?
José Tavares – Não. Passei 24 anos fora daqui.

Diário – Tudo isso?
José Tavares – Depois da UFPA fui fazer mestrado na USP de Ribeirão Preto, onde acabei lecionando; passei pela USP/São Paulo fazendo doutorado sanduiche com a Índia. Ainda fui professor da Unesp, em Araraquara (SP), e em Alfenas, Minas Gerais.

Diário – Então, sim, voltou para o Amapá…
José Tavares – Voltei em setembro de 2005, concursado para a cadeira de farmacologia.

Diário – E como foi para o senhor ascender a reitor?
José Tavares – Em todo o mundo, eu sou o reitor que mais rapidamente assumi o posto. Entrei na Unifap em setembro de 2005 e em abril de 2006 eu já estava no cargo..

Diário – Como foi para isso acontecer?
José Tavares – Por eu ser macapaense, por ter um currículo com pontuações no Brasil e no exterior e pelo trabalho que demonstrei no curto espaço de tempo, chegando a ser pró reitor de pesquisa e pós graduação.

Diário – E a vida política?
José Tavares – Comecei no movimento estudantil; trabalhei muito para o PT, sem me filiar; filiei-me ao PDT e agora estou no PCdoB.

Diário – Por que essa opção?
José Tavares – O PCdoB tem uma conotação diferente; a legenda consolida a sua estrutura partidária; não é como os outros partidos, que têm os seus filiados só para fazer número.

Diário – É mesmo?
José Tavares – Sim. O PCdoB me dá o valor que mereço, não só como um homem experiente em saúde e educação, mas também como reitor de uma instituição como a Unifap. Isso nos dá ânimo.

Diário – Tanto ânimo que o senhor pensa em ser deputado federal.
José Tavares – Sim. Estamos estudando essa possibilidade.