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Médicos do SUS param por 24 horas por melhores salários

Médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo país protestaram hoje contra os baixos salários e por melhores condições de trabalho. Eles deixaram de atender nesta terça-feira serviços marcados no SUS em 18 Estados. A paralisação vai durar 24 horas.

Entre os estados que sofreram com a paralisação estão: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia e Sergipe.

No Piauí, a suspensão vai valer três dias. Em Santa Catarina e São Paulo, algumas unidades de saúde devem parar o atendimento por algumas horas.

No Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Tocantins e em Roraima, estão previstas manifestações e atos públicos. Em nenhum desses estados o atendimento foi prejudicado.

O movimento nacional é liderado pela Associação Médica Brasileira (AMB), Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Dos 195 mil médicos que trabalham no SUS, a estimativa é que 100 mil deixem de atender. Os médicos reivindicam mais financiamento para a saúde pública, reajuste salarial e melhores condições de trabalho, como aumento no número de leitos nos hospitais.

O vice-presidente do CFM, Aloísio Tibiriçá, ressaltou a defesagem dos salários, que têm desestimulado os profissionais a ingressar na rede pública. As entidades médicas calculam que o salário médio pago a um profissional do SUS é de R$ 1,9 mil por 20 horas de trabalho semanais. Já a categoria estipula um piso de R$ 9,6 mil.

Os médicos defendem também dobrar, pelo menos, os valores destinados pelos governos federal, estaduais e municipais ao SUS. As entidades são contrárias ao projeto de regulamentação da Emenda 29, aprovado pela Câmara dos Deputados, que define percentuais mínimos de repasse à saúde pela União, pelos Estados e municípios.

O projeto obriga, por exemplo, a União a repassar à saúde pública valor equivalente ao previsto no Orçamento do ano anterior mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano. No entanto, os médicos defendem o texto original de regulamentação, que destinava 10% das receitas correntes brutas da União para as ações de saúde, um acréscimo de aproximadamente R$ 31 bilhões ao orçamento anual da pasta.

"O projeto da Câmara não acrescenta nenhum centavo para a saúde", lamentou Tibiriçá. O projeto tramita agora no Senado. A categoria queixa-se ainda da falta de leitos nos hospitais. Segundo a categoria, 20 Estados têm número de unidades de terapia intensiva (UTIs) inferior à média nacional, que é de 1,3 leito por 10 mil habitantes.

Nos estados onde haverá paralisação, os médicos garantem a manutenção do atendimento de urgência e emergência aos pacientes. "Estamos fazendo (o movimento) com toda a responsabilidade. É um compromisso com a saúde do povo brasileiro", disse o presidente da Fenam, Cid Carvalhaes.

No estado do Paraná, os médicos fizeram um ato público na Boca Maldita, no centro de Curitiba, e distribuíram panfletos sobre a precariedade da saúde pública. Mas, não paralisaram o atendimento.

"Paralisar nossas atividades iria prejudicar aquele pelo qual estamos lutando na tentativa de melhorar a situação, que é o próprio paciente", justificou o presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Carlos Roberto Rocha, ressaltando que a categoria defende a melhoria no atendimento no SUS.

Para que a situação melhore, segundo Rocha, é preciso melhorar a gestão e aumentar os investimentos da rede pública de saúde. Naquele estado, pouco mais da metade dos 19 mil médicos do Estado atendem no SUS.

Fonte: Terra