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Estudantes ocupam reitoria da USP contra repressão policial

Reforçando a reivindicação contra a presença da Polícia Militar no campus Butantã da Universidade de São Paulo (USP), um grupo de estudantes ocupou, na madrugada desta quarta (2), o prédio da reitoria, na Cidade Universitária. A ação faz parte de uma série de manifestações promovidas por alunos da universidade desde o último dia 27 contra um convênio que definiu o patrulhamento da PM.

Estudantes da USP durante assembleia que precedeu a ocupação da reitoria/ Foto: JF Diorio/AE

Antes disso, os estudantes já ocupavam o prédio da administração da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da universidade. Ontem (1º), eles realizaram uma assembleia e decidiram deixar o prédio da faculdade e ocupar a reitoria.

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“A assembleia geral dos estudantes da USP deliberou por ampla maioria ocupar o prédio da reitoria da universidade”, informaram os manifestantes, em nota sobre a ação. “Esta ocupação é uma continuidade da ocupação da administração da FFLCH”, esclareceram.

Os protestos foram deflagrados depois da última quinta, quando três jovens que, segundo a PM, estavam com porções de maconha, foram detidos dentro do campus. Para evitar que fossem levados na viatura, centenas de estudantes cercaram o carro e entraram em confronto direto com os policiais.

Os estudantes questionam principalmente, o papel repressor assumido pela corporação dentro do campus. E a política de criminalização adotada pelo reitor João Grandino Rodas contra militantes, estudantes e trabalhadores que se posicionam politicamente contrários à sua gestão.

Na nota, os estudantes pedem a revogação do convênio com a PM e dos processos contra estudantes, professores e funcionários. Exigem ainda que o reitor se pronuncie sobre o assunto.

Nesta manhã, os estudantes que ocupam a reitoria informaram que não há previsão para o fim da manifestação. Eles armaram uma barreira em frente ao prédio e, na tarde desta quarta, não permitiam a entrada de pessoas que não fossem manifestantes. A segurança da USP monitora a ação dos estudantes. A PM também patrulha o local.

O assunto é polêmico e divide os alunos. Ontem, outro grupo de estudantes da USP fez uma manifestação convocada por meio das redes sociais, para apoiar a presença da polícia na segurança da Cidade Universitária. A manifestação ocorreu na Praça do Relógio e reuniu cerca de 200 alunos.

Os organizadores do movimento favorável ao policiamento no campus alegam que “a presença da Polícia Militar é necessária” por causa da falta de preparo da Guarda Universitária para exercer o trabalho de segurança do local.

Na última segunda-feira, a Congregação da FFLECH, instância máxima da Unidade, em reunião extraordinária, criou uma comissão de três professores e dois funcionários para negociar a desocupação do prédio da administração.

“A Congregação reconhece que os termos do convênio firmado entre a USP e a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo são vagos, imprecisos e não preenchem as expectativas da comunidade uspiana por segurança adequada. Reconhece igualmente que a intervenção da Polícia Militar extrapolou os propósitos originalmente concebidos com o convênio”, diz a nota da Congregação.

Leia abaixo a nota do movimento dos estudantes que ocupam a USP:

NOTA SOBRE A OCUPAÇÃO DA REITORIA DA USP 01/11/2011

Na noite da última terça-feira, dia 01/11, a assembleia geral dos estudantes da USP deliberou por ampla maioria ocupar o prédio da reitoria da universidade. Esta ocupação é uma continuidade da ocupação da administração da FFLCH, que será desocupada conforme deliberado no início da assembleia.

Entendemos que nossa luta está ligada com algo que ocorre em toda a universidade. Por isso, exigimos que o reitor João Grandino Rodas se pronuncie e atenda às nossas reivindicações.

Continuaremos a luta contra a repressão e mantemos, portanto, os eixos centrais do movimento:

– Revogação do convênio PM-USP! Fora PM!
– Revogação de todos os processos contra estudantes, professores e funcionários!

Esclarecimento: Durante a votação da segunda proposta da assembleia, a presidência da mesa declarou que o fórum estava encerrado sem consultar o plenário e abandonou a mesa mesmo com o pedido de continuidade por parte dos estudantes. Porém, a assembleia não se dissolveu. Centenas de estudantes continuaram a assembleia e elegeram uma nova presidência da mesa que encaminhou as demais propostas que haviam sido feitas, como a ocupação da reitoria.

Com agências