Salvador decreta situação de emergência por causa das chuvas

Dois dias de chuvas. Esse foi o tempo necessário para que o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PP), decretasse, na noite nesta quarta-feira (9/11), situação de emergência. A decisão tem como base os dados da Defesa Civil, que registraram 487 solicitações de ajuda, sendo 260 deslizamentos de terra, com o desabamento de um prédio, felizmente sem vítimas fatais. A situação, no entanto, mostra mais uma vez o despreparo da cidade para enfrentar o período de chuvas, que ocorre todo ano.

O caos impera em Salvador desde a madrugada de terça-feira (8/11), quando fortes chuvas começaram a castigar a cidade. Grandes congestionamentos, semáforos quebrados, buracos, deslizamento de terras e ruas alagadas são situações comuns em todas as partes da cidade, mas com uma predominância maior nos bairros periféricos, onde as encostas ameaçam desabar sobre casas e barracos.

O primeiro grande susto veio no final da tarde de quarta-feira, com o desabamento de um prédio de quatro andares no bairro de Massaranduba, na periferia, com o soterramento de três pessoas, todas resgatadas com vida, felizmente. O fato, no entanto, reacendeu a memória da população para as tragédias ocorridas em anos anteriores, quando muitas pessoas morreram em soterramentos e até arrastadas pela correnteza.

“Salvador não pode ser conduzida por um prefeito que conta apenas com a sorte. A população não pode enfrentar as situações de chuvas como esta, contando apenas com suas preces. É preciso que a cidade tenha uma política de planejamento urbano. O que nós vemos é que o prefeito João Henrique não investe no planejamento urbano. Fez um plano diretor, que na verdade atendeu apenas a liberação de áreas valorizadas na cidade para o mercado imobiliário de médio e alto luxo, e não tem nenhuma política voltada para a população mais pobre, que vive nas encostas”, ressaltou a vereadora Olívia Santana (PCdoB).

Insatisfeita com a forma como o prefeito trata o problema das chuvas, simplesmente decretando situação de emergência todos os anos, a parlamentar cobra ações mais efetivas para prevenir as tragédias e oferecer segurança à população. “Cadê o plano diretor de encostas? Porque que este plano não é resgatado? Porque o prefeito não vai ao Ministério da Cidade discutir o plano diretor de encostas? Porque não estabelece mecanismos legais voltado para isso, para ter condições legais de captar recursos e investir nas encostas da cidade? Este é um governo que não aposta no planejamento urbano, em ações estruturantes para as áreas mais pobres da cidade, e por isso, o povo fica nesta situação. Vive a mercê das intempéries”, disse a vereadora.

Para Olívia, Salvador precisa na verdade de um novo prefeito, ou de uma nova prefeita, que tenha esta possibilidade de investir no planejamento urbano e na população mais pobre da cidade, porque a eleita já foi prestigiada até demais. “Uma cidade não planejada, não é boa para ninguém. Nem para os pobres, nem para os ricos, porque a cidade está engarrafada, travada e passando por uma situação de caos”, destacou a comunista, que promoveu diversos debates sobre o tema na Câmara Municipal e encaminhou os resultados para a Prefeitura, mas nunca obteve uma resposta.

De Salvador,
Eliane Costa.