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35 anos da Chacina da Lapa: "Executados porque havia de matar

Em ato marcado para logo mais às 19 horas desta quarta-feira (14), a Câmara Municipal de São Paulo reverenciará a memória de dirigentes comunistas abatidos há 35 anos pela repressão ditatorial.

Por Celso Lungaretti, em Náufrago da Utopia

A chacina da Lapa, em 16 de dezembro de 1976, encerrou a temporada de matanças sistemáticas de resistentes levadas a cabo durante os anos terríveis em que o Brasil esteve submetido ao terrorismo de estado. Episódicas, ainda haveria outras.

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Assim como nos estertores da luta armada, três presos rendidos foram executados.

O primeiro a ser detido, João Baptista Franco Drummond, expirara durante as torturas, na véspera. Por acidente de trabalho (como Vladimir Herzog) ou deliberada e sadicamente (como Devanir de Carvalho)? Só os carrascos podem esclarecer – mas, claro, não o farão.

Assassinaram Angelo Arroyo e Pedro Pomar ao invadirem o aparelho no bairro paulistano da Lapa, em que se encontravam os membros do Comitê Central do PCdoB. Não houve qualquer reação. Balearam-nos "porque havia de matar" (como diz um verso da "Cantata Santa Maria de Iquique").

Aldo Arantes, Elza Monnerat, Haroldo Lima, Joaquim de Lima e Maria Trindade foram presos e torturados.

Foi muito traumático, tanto o episódio em si quanto os augúrios sinistros que inspirou.

Temeu-se uma volta aos piores tempos, que pareciam haver sido superados quando o ditador Ernesto Geisel ordenou a desativação do centro de torturas do DOI-Codi/SP na rua Tutóia, por haver considerado um desafio à sua autoridade o assassinato do metalúrgico Manuel Fiel Filho (17/01/1976), nem três meses depois de ele haver determinado que se evitasse a repetição de episódios como o de Vladimir Herzog (25/10/1975).

Mas, se as mortes desnecessárias lembram a etapa final do combate à guerrilha urbana e rural, quando foi decidido e implementado o extermínio dos principais dirigentes e combatentes, houve também uma diferença: em 1972, p. ex., não sobraria ninguém vivo.

Então, há a possibilidade de que a mão pesada da repressão se devesse à relutância de setores extremistas em aceitarem a distensão política lenta, gradual e progressiva de Geisel. Ou seja, outra provocação originada dentro do Estado, a exemplo da prisão de Herzog.

As provocações aparentemente advindas de fora (cujos autores, na verdade, eram de dentro…) foram o sequestro e espancamento de D. Adriano Hipólito, bispo de Nova Iguaçu (RJ); os atentados terroristas à ABI e à OAB; os incêndios de bancas de jornais nas quais eram vendidos veículos alternativos e a abortada tentativa de explodirem um petardo durante show musical no Riocentro.

SERVIÇO
Local: Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo
Endereço: Viaduto Jacareí, 100 – 8º andar – Bela Vista
Dia e hora: 14 de dezembro, às 19h