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Chacina da Lapa: é preciso resgatar a verdade

Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drummond. Três nomes que marcam a história do partido e do Brasil. Os três comunistas foram mortos por agentes da ditadura em 16 de dezembro de 1976, em uma casa na Rua Pio XI, em São Paulo, onde acontecia uma reunião do Comitê Central do partido. Os 35 anos do episódio, conhecido como a Chacina da Lapa, foram lembrados em cerimônia realizada ontem (14), na Câmara Municipal de São Paulo, que homenageou as vítimas.

Cerimônia Chacina da Lapa em São Paulo

O evento, organizado por iniciativa do vereador Jamil Murad (PCdoB) e da Fundação Maurício Grabois, foi no Salão Nobre da Casa, por volta das 19h, e se transformou em um ato em defesa do resgate da história brasileira e da busca pelos mortos e desaparecidos da ditadura.

O evento recebeu lideranças políticas e sociais, entre elas o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo; o presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro; o vice-presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Egmar Oliveira; os vereadores Jamil Murad e Netinho de Paula; o ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, além de Haroldo Lima, ex-presidente da ANP, e Aldo Arantes, secretário de Meio Ambiente do PCdoB, ambos presos desde a véspera da Chacina até a instituição da Anistia em 1979. Também estiveram presentes Dolores Arroyo, viúva de Ângelo, seus filhos e netos.

Como proponente, o vereador Jamil Murad abriu a cerimônia destacando que a Chacina da Lapa foi “uma tentativa da ditadura de acabar com os ideais de progresso, democracia e justiça social. Queriam, ainda, eliminar o nosso partido. Mas, aconteceu o contrário: ele se fortaleceu e cresceu porque as ideias boas não morrem, mas florescem”.

Para Adalberto Monteiro, presidente da Fundação Maurício Grabois e secretário nacional do PCdoB de Formação e Propaganda, o ato contribuiu para reafirmar que “a democracia em que vivemos hoje foi conquistada através de muita luta. Muitas foram as vidas ceifadas e hoje estamos aqui para homenagear todos os brasileiros que lutaram pelo nosso povo”.

Já o secretário nacional de Meio Ambiente, Aldo Arantes, ressaltou que os comunistas representam o segmento mais avançado da luta pelos direitos populares. Refutando a versão dos militares de que João Batista Drummond teria morrido atropelado, Arantes disse: “Haroldo e eu somos testemunhas de que ele foi morto sob tortura”.

Aldo Arantes ressaltou a postura das classes dominantes de "… tentaram acabar com os defensores dos ideais mais avançados por meio da tortura e do assassinato. Hoje, fazem isso através da luta de ideias, procurando manipular a opinião pública com denúncias mentirosas”.

“Não interessa às elites a existência de um Partido Comunista forte, que atue no governo federal, que interfira em assuntos de interesse nacional, como a Lei da Copa, desafiando a Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado), ou com projetos como o de uma estatal para explorar o pré-sal, como defende Haroldo”, completou.

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, fez o pronunciamento final. “O PCdoB tem e sempre teve uma grande causa, um grande ideal: a construção de uma nova sociedade superior à capitalista e esses ideais se expressam na militância e nos dirigentes”, afirmou Rabelo.

Ele lembrou que a Chacina da Lapa representa um momento marcante onde muitos morreram. "O PCdoB, que organizou a Guerrilha do Araguaia, foi o que mais teve mártires da luta democrática”, lembrou.

Para Renato Rabelo a tentativa de exterminar o PCdoB deve-se ao fato de que o partido foi “um lutador consequente e audaz contra a ditadura”, resultando em sua ascensão e participação no governo federal. Sobre isso, citou a campanha da mídia contra Orlando Silva, então ministro do Esporte, que resultou na saída do comunista do governo.

"Foram 20 dias de bombardeio contra o partido, contra o ministro. Mas, os comunistas não se dobraram e, unidos, defenderam o PCdoB e Orlando. É nos momentos de dificuldade que o partido mais cresce”, reforçou o presidente da legenda.

Com informações do gabinete do vereador Jamil Murad