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Em nota oficial, PCdoB rememora trajetória heroica de Dynéas

Neste dia 30 de janeiro Dynéas Aguiar completa 80 anos de vida, dos quais 62 dedicados ao Brasil e ao povo e à luta pelo socialismo e à construção do Partido Comunista do Brasil.

Dynéas nasceu em 30 de janeiro de 1932 e ingressou no Partido Comunista muito jovem. Em 1950 começou a atuar no movimento estudantil e logo ingressou na juventude comunista. Por suas inúmeras qualidades elegeu-se presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES) e depois da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Sob sua liderança, os estudantes realizaram grandes manifestações contra o envio de tropas brasileiras para a guerra da Coreia e em defesa da paz mundial. Ele também esteve à frente da mobilização juvenil na campanha “O petróleo é nosso”.

Quando, na segunda metade da década de 1950, as ideias reformistas começaram a ganhar força no movimento comunista brasileiro, ele integrou a corrente revolucionária dirigida por João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar.

Por suas posições claramente antirrevisionistas, de defesa do caminho revolucionário, que desagradavam a então direção central do Partido, ele acabou sendo deslocado para a distante Brasília, recém-inaugurada. Ali assessorou o Sindicato da Construção Civil e elegeu-se secretário-geral da Associação dos Servidores Públicos do Distrito Federal, a qual ajudara a fundar. Esteve à frente das greves dos “candangos”, em defesa dos empregos ameaçados pela conclusão das obras na capital da República.

Dynéas, como secretário municipal de propaganda do PCB, se recusou a distribuir o jornal Novos Rumos que divulgava o novo estatuto partidário, que retirava qualquer referência ao marxismo-leninismo e ao internacionalismo proletário, além de mudar o nome do partido de Partido Comunista do Brasil para Partido Comunista Brasileiro. Também não divulgou o documento trazendo as punições aos opositores dessas mudanças, que haviam redigido um documento histórico que ficou conhecido como a Carta dos 100. Por essas atitudes corajosas, seria afastado de suas funções na direção e, posteriormente, expulso do Partido Comunista Brasileiro. A esta atitude respondeu que não poderia ser afastado de uma organização à qual nunca havia pertencido.

Ele não participou da Conferência de reorganização do Partido Comunista do Brasil, ocorrida em 1962. Mesmo assim, foi eleito membro suplente da nova direção nacional. A ele coube reconstruir o Partido no Distrito Federal. Tarefa realizada com grande sucesso. Sob sua direção, o PCdoB teve um papel importante no Levante dos Sargentos. Esses militares reivindicavam simplesmente o direito de serem eleitos para o parlamento.

Logo após o golpe militar, Dynéas liderou a primeira turma de militantes que fez um curso político-militar na China Socialista. Neste grupo pioneiro se encontravam Osvaldão, Paulo Mendes Rodrigues e Daniel Callado – futuros guerrilheiros e herois do Araguaia.

De volta ao Brasil se dirigiu ao interior de Goiás onde se pretendia montar uma área de apoio para um eventual movimento guerrilheiro. A prisão de alguns camaradas conduziu ao desmonte daquele esquema. Então, ele passou a compor a Comissão Nacional de Organização. Nesta função viajou por vários estados e ajudou a organizar a 6ª Conferência Nacional em 1966. Dirigindo o Partido em São Paulo, participou da seleção dos quadros que iriam ser deslocados para o sul do Pará – onde mais tarde ocorreria a Guerrilha do Araguaia.

Quando eclodiu a resistência armada, Dynéas, enviado ao exterior, contribuiu na organização de um amplo movimento de solidariedade à luta do povo brasileiro. Passou a viver no Chile e depois na Argentina. Em 1976, estava na China quando – ao lado de João Amazonas e Renato Rabelo – tomou conhecimento da Chacina da Lapa.

De volta à América do Sul, retomou contatos com militantes que não haviam sido presos e deu início a um novo processo de reorganização do PCdoB, cujo ponto culminante seria a realização vitoriosa da 7ª Conferência Nacional, ocorrida entre 1978 e 1979.

Com a anistia retornou ao Brasil, destacando-se como um dos principais organizadores do 6º Congresso do PCdoB em 1983. Neste período assumiu a função de secretário nacional de organização. Quando terminou o regime militar, o PCdoB ingressou em nova fase, se transformando numa força política influente e respeitada pelas camadas mais avançadas do povo brasileiro.

Com seu rápido crescimento, o Partido precisava formar seus militantes. Ele, então, se jogou na tarefa de organizar a Escola Nacional do PCdoB, pela qual passariam centenas de camaradas. Este trabalho intensivo de formação marxista-leninista dos quadros comunistas contribuiu em muito para o Partido enfrentar vitoriosamente a grave crise que atingiu o socialismo no triênio 1989-1991.

No início dos anos 1990 Dynéas pediu afastamento do Comitê Central. Passou então a construir o Partido na cidade paulista de Campos do Jordão. Nessa cidade, pelo respeito que adquiriu, assumiu o cargo de secretário municipal de Cultura e elegeu-se vice-prefeito.

Atualmente, ele faz parte da direção do comitê municipal de Valinhos (SP) e integra a equipe do Centro de Documentação e Memória da Fundação Maurício Grabois. Com sua larga experiência e seu conhecimento, tem dado uma importante contribuição na reconstrução da história dos comunistas brasileiros, na qual teve destacada participação.

Ele é um dos últimos remanescentes daquela plêiade de bravos camaradas que, em 1962, de maneira ousada, se colocaram na tarefa de reorganizar o Partido Comunista do Brasil. Ousadia que garantiu sua continuidade na trilha da revolução. Uma geração que atravessou décadas, a maior parte do tempo na clandestinidade, enfrentou prisões, torturas e mortes, e soube fazer triunfar a liberdade, a democracia com a qual hoje a Nação se fortalece e na qual os trabalhadores elevam sua capacidade de união e luta.

No aniversário de seus 80 anos receba Dynéas Aguiar o abraço fraterno dos seus camaradas. Saúde, alegrias e que por muitos anos mais possa o Partido continuar se enriquecendo com sua militância.

São Paulo, 31 de janeiro de 2012

A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil – PCdoB