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Brasil e EUA conversam sobre armas e segurança internacional

A subsecretária norte-americana interina de Estado para Controle de Armas e Segurança Internacional, Rose E. Gottemoeller, e o secretário assistente de Estado para o Escritório de Segurança Internacional e Não Proliferação, Thomas M. Countryman, estarão nesta segunda (5) e terça-feira no Brasil para várias reuniões com autoridades brasileiras.

Em menos de uma semana, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, enviou três assessores do governo a Brasília.

Em nota, a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil definiiu as relações com o governo brasileiro. “[O Brasil é um] importante parceiro global que compartilha metas comuns de controle e não proliferação [com os norte-americanos]”, diz o texto.

“Apreciamos a liderança do Brasil tanto em escala regional quanto internacional e aguardamos para colaborar mais no endereçamento dos importantes desafios na área de não proliferação e desarmamento”, acrescenta o comunicado.

Gottemoeller e Countryman estão no Brasil para conversas sobre a não proliferação e o desarmamento. Em pauta, a Cúpula de Segurança Nuclear, em 26 e 27 de março, em Seul, na Coreia do Sul, quando Obama e vários chefes de Estado e de governo estarão presentes.

Nas conversas com os brasileiros, Gottemoeller e Countryman também devem mencionar as questões de controle de armas, como a implementação do novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (denominado Start). No tratado, firmado em 1991 pelos governos dos Estados Unidos e da Rússia, ambos comprometem-se a reduzir gradativamente as armas. Porém, os termos do acordo precisam ser revistos. O processo está em andamento.

As visitas de Gottemoeller e Countryman ocorrem depois de o subsecretário de Estado norte-americano, William Burns, vir ao Brasil e ter como temas principais de sua viagem o cancelamento do contrato para a venda de 20 aviões militares da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) aos Estados Unidos e a ida da presidenta Dilma Rousseff a Washington, no próximo mês.

Burns garantiu que o Brasil ainda pode participar da licitação para a venda de 20 aeronaves militares para os Estados Unidos, no valor de US$ 355 milhões. O governo norte-americano cancelou o processo licitatório no último dia 17, surpreendendo as autoridades brasileiras. Mas o Ministério das Relações Exteriores negou desconforto entre os dois países.

Segundo notícia veiculada nesta segunda-feira pelo jornal Folha de S.Paulo, os Estados Unidos “recuam de pressão nuclear sobre o Brasil”. O jornal paulistano se baseia em declaração de Gottemoeller: “Respeitamos a decisão do Brasil de aderir aos Protocolos Adicionais na hora que considerar mais adequada”.

Esses protocolos, criados em 1997 são exigências adicionais ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, de 1970, que permitem liberdade total à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) para fiscalizar as atividades dos programas nucleares dos países que aderem.

O Brasil é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, mas nunca admitiu aderir aos Protocolos Adicionais. Os Estados Unidos sempre pressionaram no sentido da adesão.

A declaração da enviada de Obama parece mais uma mudança de tom do que um “recuo”. Ela trabalha melhor com o “timing” do que os trogloditas da era Bush. A posição básica é continuar pressionando pela adesão brasileira e de qualquer outro país com programas nucleares aos Protocolos Adicionais. A diferença é que hoje, por razões pragmáticas os diplomatas estadunidenses consideram que isto poderá ser feito “na hora que o Brasil considerar mais adequada”.

Quando os representantes do imperialismo estadunidense dizem que “apreciam a liderança do Brasil”, fica evidente que querem as boas graças do governo e sua parceria para atuar em conjunto na aplicação de seus planos hostis contra outras nações. O Brasil tem deixado clara a sua posição pacifista e independente, tem maturidade suficiente para não se deixar embair pelas palavras sedutoras dos enviados de Washington.

Da Redação, com informações da Agência Brasil e Folha de S.Paulo