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Líder do governo admite crise mas nega paralisação dos trabalhos 

 O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que não recebeu nenhuma orientação do Palácio do Planalto para suspender votações no Senado até a superação da crise do governo com a base aliada. Ele admite que existe descontentamento dos senadores, mas que a Presidente Dilma Roussef já acenou com a realização de conversa com as bancadas separadamente para saber quais os pleitos que não foram atendidos e chegar a um entendimento.

 Jucá afirmou que não existe nenhuma votação importante prevista para esta semana no Senado e que as atividades programadas serão cumpridas, destacando a vinda o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que falará na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), nesta terça-feira (13), sobre a situação econômica brasileira. O ministro comparece ao Senado uma vez por semestre, para falar sobre o tema.

E ressaltou a vinda da própria Presidente Dilma Roussef ao Senado, também nesta terça-feira, quando receberá o prêmio Bertha Lutz em uma homenagem pelo Dia Internacional da Mulher. Jucá lembrou que a confirmação da vinda da presidente do evento foi anterior ao episódio que marcou o descontentamento dos senadores, na semana passada, quando rejeitaram a indicação de Bernardo Figueiredo para a diretoria-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).

Até onde eu sei não tem orientação contrária às votações no Senado, garantiu o senador. “As votações vão transcorrer normalmente, mas não tem nenhuma votação importante prevista para esta semana”.

O Plenário da Casa deve fazer leitura de duas Medidas Provisórias, discutir com o ministro Mantega o projeto de lei aprovada na Câmara que cria o Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal – o Funpresp, a presidente Dilma vem receber uma premiação e haverá reunião rotineira dos líderes com a ministra Ideli Salvati na noite desta segunda-feira (12), diz ainda o senador.

O senador José Pimentel (PT-CE) foi escolhido relator do projeto do Funpresp e o desejo do governo é aprovar o texto na Casa até o final de abril.

Descontentamento maior

O descontentamento dos senadores com o governo não é apenas do PMDB. É o que demonstram os números. No dia da votação de Bernardo Figueiredo para a ANTT, 78 senadores tinham registrado presença na Casa, mas apenas 68 votaram e desses, somente um, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) é da oposição, os demais fazem parte da base aliada.

Em votação secreta, 36 senadores votaram contra a recondução de Figueiredo, 31 a favor e houve uma abstenção.

Os articulistas do governo acreditam que a visita da presidente Dilma Rousseff ao Congresso nesta terça-feira, mesmo já prevista, pode significar um gesto de afago aos aliados insatisfeitos com o tratamento recebido do Palácio do Planalto.

Na avaliação deles, a derrota do governo na noite da última quarta-feira (7) no plenário do Senado foi apontada como um alerta dos aliados, ainda com consequências menos graves, ao Palácio do Planalto, para que resolva as pendências que conflagram a base, como a liberação de emendas ao Orçamento.

Já um adiamento da votação do projeto que cria a Funpresp causaria maiores prejuízos ao Executivo. O governo tem pressa em votar a Funpresp porque está represando a nomeação de novos servidores, aprovados em concurso público, para que eles já sejam enquadrados nas novas regras previdenciárias.

Em conversas com interlocutores, Dilma avaliou que o momento não é de crise, mas de "turbulência" política. O governo teria entendido o recado do Senado, não pretende retaliar sua base de apoio, mas espera não ser derrotado em matérias que considera essenciais para o país.

De Brasília
Márcia Xavier
Com agências