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FUP exige fim dos contratos da Chevron e Transocean no Brasil

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) entrou com uma ação civil pública contra a Chevron e Transocean, na 14ª Vara Federal do Rio de Janeiro. A iniciativa faz parte de um conjunto de ações políticas que a entidade dos trabalhadores protagonizará daqui em diante com o objetivo de pressionar por ações que punam efetivamente as empresas que causaram um desastre ambiental que afetou todo o ecossistema marítimo na costa do país, colocando trabalhadores em risco.

Além da ação civil pública, os petroleiros planejam uma série de manifestações para pressionar pela punição imediata das empresas envolvidas. Na ação civil, a FUP pede o cancelamento dos contratos de concessão de exploração e produção de petróleo e gás natural da Chevron e a proibição da atuação da Transocean no Brasil.

“Acompanhando as fiscalizações dos órgãos governamentais, chegamos à conclusão que o que vem sendo feito não surtiu ações esperadas pela sociedade, que é uma punição exemplar das empresas. Como nossa entidade é independente, esperamos dar maior velocidade às medidas urgentes que precisam ser tomadas. Sabemos que as multas aplicadas e as punições são postergadas por advogados habilidosos”, justificou Divanilton Pereira, diretor de Relações Institucionais da FUP e dirigente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

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Divanilton explicou que além de ter um caráter mais imediato, a ação também tem um objetivo mais estratégico por conta das explorações futuras na camada pré-sal.

“Esperamos que a ação possa contribuir para um maior controle sobre a exploração do petróleo, no país, em poços com maior profundidade, na camada pré-sal, futuramente. Sabe-se que o custo de perfuração na exploração é muito alto. Tomamos conhecimento que a operadora da plataforma estava mal intencionada desde o início, já que contratou uma sonda muito mais extensa que os dois mil metros permitidos para exploração naquele poço”, revelou o dirigente, sem mencionar a fonte da informação. “Ninguém contrata uma sonda para perfurar quatro mil metros se o máximo permitido são dois mil metros, por exemplo. Essas sondas são muito caras”, completou Divanilton.

A legislação brasileira regulmenta que as atividades de exploração e produção de petróleo dependem de estudos técnicos e planejamentos aprovados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Os estudos técnicos da Chevron e da Transocean incluíam equipamentos inexistentes na área.

Relembre

O pedido da Federação Única dos Petroleiros se baseia em uma série de questões levantadas a partir dos vazamentos de petróleo, através de rachaduras no solo oceânico, no Campo de Frade, na Bacia de Campos, Rio de Janeiro, desde novembro de 2011, quando a Chevron minimizou o acidente, mentiu para a sociedade e tentou culpar a Petrobras pelo desastre ambiental.

Na quarta-feira (21), o Ministério Público Federal (MPF) denunciou criminalmente as empresas Chevron, Transocean e mais 17 pessoas por crime ambiental e dano ao patrimônio público por conta do vazamento. O presidente da Chevron no Brasil, George Buck, e outros três funcionários responderão ainda por dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público, se omitir em cumprir obrigação de interesse ambiental, apresentar um plano de emergência enganoso e por falsidade ideológica, ao alterarem documentos apresentados a autoridades públicas.

O MPF afirma que o derramamento de óleo afetou todo o ecossistema marítimo, podendo levar à extinção de espécies, e causou impactos às atividades econômicas da região, além de danos ao patrimônio da União, uma vez que o vazamento ainda está em curso. No inicio deste mês, houve registro de um novo vazamento próximo à região.

Indenização

A FUP também pede que as empresas sejam condenadas a indenizar o Estado brasileiro pelos danos ambientais e que os valores equivalentes aos prejuízos causados à tributação do petróleo (sobretudo os royalties), causados pelo atraso da produção decorrente dos vazamentos, sejam indenizados à União, ao estado do Rio de Janeiro e aos municípios que receberiam tais verbas.

A Chevron não se pronunciou sobre o assunto, alegando não ter sido notificada sobre a ação. A  Transocean afirmou que não se posicionará por enquanto.

De São Paulo
Deborah Moreira