Roger Waters mostra "The Wall' com show impecável no Rio
Já diz o velho ditado futebolístico que "em time que está ganhando não se mexe". E o cantor britânico Roger Waters, ex-Pink Floyd, parece segui-lo à risca. A segunda apresentação da turnê The Wall Live no Brasil, realizada na noite de terça-feira (29), no estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro, seguiu exatamente o mesmo script do show de estreia no País, no último domingo (25), em Porto Alegre.
Publicado 01/04/2012 12:07
Desde o setlist até os discursos, Waters entregou ao público o mesmo espetáculo, agradando os que se deslocaram até o local, na zona norte da cidade. Com meia hora de atraso, Waters subiu ao palco às 21h30 e, de cara, mostrou seus dois trunfos ao vivo: uma banda afiada tocando com perfeição os arranjos do clássico disco The Wall, de 1979, e um espetáculo visualmente impecável.
Logo na introdução, um show de pirotecnia, com cerca de mil fogos de artíficio, algo que geralmente é destinado às partes finais dos grandes eventos do gênero. E, em meio à construção do famoso muro e das projeções que prenderam a atenção do espectador, as músicas do clássico foram sendo executadas uma a uma, exatamente na ordem do disco.
Como já era esperado, devido à sua popularidade, a terceira canção, Another Brick in the Wall levantou o público no Engenhão. Assim como tem ocorrido durante toda a turnê na faixa, na qual o palco recebe crianças carentes, nela o cantor teve o apoio do coral de crianças da Escola de Música da Rocinha, localizada na Rocinha, maior favela do Rio de Janeiro.
Em seguida, Waters se dirigiu à plateia e, em português, repetiu o discurso feito no show de Porto Alegre. O músico falou sobre sua felicidade em estar na capital fluminense e dedicou o show ao brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado pela polícia de Londres em 2005, ao ser confundido com um terrorista.
"Em 1978, eu achava que o muro era sobre mim. Estava errado. Não é sobre mim, mas sobre Jean Charles e muitos outros que são vítimas de terrorismo de Estado em todo o mundo", discursou.
Em Mother, Waters deixou o baixo de lado e puxou o violão para a execução da balada. Nela, questionou a ação dos governos, deixando bem clara sua falta de confiança em todos eles – com um palavrão gigantesco projetado no muro.
A primeira parte do show se encerrou pouco mais de uma hora depois, com Goodbye Cruel World, música que finaliza o disco The Wall – ao mesmo tempo em que o muro foi fechado, separando totalmente a banda da plateia.
Após um intervalo de 20 minutos, Hey You reabriu o espetáculo, com o público apenas escutando a execução da canção, já que o muro erguido impedia a todos ter uma visão do palco. Aos poucos, Waters assumiu os trabalhos à frente da barreira, brincando com as projeções nela exibidas.
A plateia acompanhou anestesiada ao show visual, deixando a pista em um grande silencio, o que só foi mudar em Comfortably Numb, um dos amados sucessos do Pink Floyd. Desse ponto até a queda do muro em The Trial, a apresentação manteve o ritmo de entreter, sem, no entanto, emocionar. De saideira, Waters e os demais músicos tocaram a folk Outside the Wall, com direito a trompete e acordeão.
Waters segue agora para São Paulo, onde toca no Estádio do Morumbi, no próximo domingo (1) e na terça-feira (3). Para o bem ou para o mal, os fãs paulistas já sabem exatamente o que esperar dos shows.
Fonte: Portal Terra