Centrais sindicais se unem para comemorar o 1º de Maio na Bahia
Milhares de trabalhadores e trabalhadoras se reuniram nesta terça-feira, em Salvador, para comemorar o 1º de Maio. A Praça Castro Alves ficou lotada de gente, que foi participar do ato unificado organizado conjuntamente pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Força Sindical e a Nova Central Sindical (NCST). Líderes políticos e dirigentes sindicais se revezaram ao microfone com atrações musicais e o sorteio de prêmios, como computadores, televisores, motos e um carro.
Publicado 01/05/2012 22:46 | Editado 04/03/2020 16:18
Desenvolvimento com menos juros, mais empregos e melhores salários foi o tema central do evento, que marcou também mais um passo importante na unificação das bandeiras da classe trabalhadora. “O 1º de Maio unificado é muito importante, primeiro porque significa uma estratégia das centrais sindicais em torno da pauta unificada retirada durante a Conclat, em 2010. A partir disso, nós seguimos unidos, reivindicando mais empregos, menos juros e melhores salários. Porque o Brasil é a sexta economia mundial, mas é um dos países mais desiguais do mundo. Por isso, nós precisamos avançar e desenvolver este país, com trabalho decente e inclusão social para os trabalhadores”, disse a presidente da Força Sindical na Bahia, Nair Goulart.
“Nós defendemos as mesmas bandeiras, como a redução da jornada de trabalho e a redução dos juros para que o Brasil se desenvolva mais para gerar mais empregos.
Nós precisamos lutar mais, levar o povo para as ruas pela jornada de 40 anos. Nós sabemos que isso é possível, pois já conseguimos reduzir a jornada de 48 horas para 44 horas. Agora, 22 anos depois, vamos defender a jornada de 40 horas”, acrescentou José Ramos, presidente da NCST.
O presidente da CTB Bahia, Adilson Araújo, apontou também outra importante pauta que une as principais centrais sindicais do país. “Cinco centrais sindicais pautaram um debate sobre a produção industrial brasileira, ao perceberem que os produtos nacionais estavam perdendo espaço para os importados. O IPEA tem estudos que mostram que o Brasil está perdendo, tanto que em 2011 houve uma retração industrial em torno de 5%. Por isso, a iniciativa de constituir um grito de alerta em defesa da produção e do emprego, busca exatamente que o governo possa buscar o necessário ajuste. É verdade que agente precisa produzir mais, já que não existe nenhum país em desenvolvimento que não tenha investido em seu parque industrial, mas esse movimento fez com que a presidente Dilma se atentasse para promover mudanças na política macro econômicas, com a redução dos juros. Isso é muito importante para que o país seja mais competitivo”, ressaltou.
“As centrais perceberam a necessidade de unificar as lutas e convocaram a Conclat, cuja plataforma dá norte ao rumo que o país deve tomar sobretudo ao que diz respeito a um projeto de desenvolvimento centrado na valorização do trabalho. Que tem na sua centralidade a necessidade de desenvolvimento, menos juros, mais emprego, fim do Fator Previdenciário e a necessidade de reduzir a jornada de trabalho, além de um conjunto de medidas, que inclui a ratificação das convenções 151 e 158 da OIT”, defendeu Araújo.
Luta no Congresso
As reivindicações das centrais e dos trabalhadores são repercutidas também na Câmara Federal, onde deputados como Alice Portugal e Daniel Almeida, ambos do PCdoB, defendem projetos de interesse da classe. “Nós temos vários projetos de interesse dos trabalhadores no Congresso Nacional. São importantes debates, como o fim do Fator Previdenciário, a garantia da jornada de 40 horas para garantir a empregabilidade no Brasil, o direito de greve do servidor público e um dos mais importantes, que é o projeto que fortalece as empresas que iguale salários entre homens e mulheres. Ainda há um déficit de cerca de 40% entre os salários de homens e mulheres, o que é uma diferença significativa. As mulheres de fato, apesar de terem crescido no mercado de trabalho e ocupado postos de decisão, ainda ocupam bem menos que os homens e para trabalho igual, ganham salário diferente. A matéria está na mesa da Câmara e aguarda para ser votada”, explica Alice Portugal.
Para deputado federal e presidente do PCdoB na Bahia, os trabalhadores brasileiros têm muito a comemorar, embora ainda existam muitas bandeiras importantes a serem conquistadas. “Nós temos o que comemorar sim. O nível do salário mínimo que temos hoje é muito positivo. A melhor distribuição da renda e do trabalho também é algo positivo, pois é um sinal e um caminho, que nós já desejávamos a muito tempo. Nós temos a comemorar também uma certa manutenção do nível de emprego no Brasil. Em poucos momentos em nossa história nós tivemos esta situação. Temos que comemorar a atitude do governo federal em identificar a necessidade do setor financeiro se submeter à atividade produtiva e não ao contrário. Então, quando a presidente diz que é preciso reduzir os juros e que isso favorecerá a atividade produtiva e o desenvolvimento do nosso país é algo muito positivo”, disse.
“Mas é claro que ainda temos bandeiras muito caras aos trabalhadores que precisam ser levantadas. A redução da jornada de trabalho é uma bandeira que já passou da hora de ter uma decisão, nós queremos que nesse 1º de Maio tenhamos uma situação favorável para influenciarmos no Congresso Nacional. Temos o problema do fator Previdenciário, que absolutamente inaceitável e temos ainda a questão da valorização do serviço e do servidor público, para dar conta do atendimento à população na área de saúde, educação, segurança pública, que ainda é uma carência muito forte entre nós”, conclui o presidente comunista.
De Salvador,
Eliane Costa.