Síria avança no cumprimento do plano de Kofi Annan

A Síria anunciou nesta quarta (16) a libertação de 250 detentos implicados em ações violentas, o que está previsto nos acordos do plano apresentado pelo enviado da ONU, Kofi Annan.

Os favorecidos pelo acordo não cometeram delitos de sangue, segundo um relatório da agência de notícias síria SANA. A nota ressalta que, no dia 5 de maio, foram indultadas outras 265 pessoas.

A Síria vive momentos de tensão pela recorrência cíclica de ações violentas desencadeadas por grupos que o governo assinala que recebem ajuda de países ocidentais e de nações vizinhas do Oriente Médio.

Enquanto isso, crescem os apelos da população ao Poder Executivo para que responda com mão de ferro contra as atividades dos grupos que as autoridades qualificam de terroristas.

Ante tal situação, fontes consultadas por Prensa Latina consideram que, nos próximos dias, as agências de segurança deste país desenvolverão operações contra as bases dos irregulares para responderem à demanda do povo.

Distorção da mídia

A realidade que vive a Síria hoje é muito diferente da que refletem os meios de imprensa ocidentais, nos quais a distorção e a realidade encontram-se em polos opostos.

Com apego à verdade e à ética, alguns comentaristas da situação consideram que no país há uma crise, mas que não chega à hecatombe que trata de expor a maioria dos meios e que evidentemente faz parte da agressão midiática para desestabilizar o governo do presidente Bashar al-Assad.

A esse respeito, o patriarca (responsável pela igreja ortodoxa) de Antioquia, de todo Oriente Médio, Alexandria e Jerusalém, Gregório III, declarou à Prensa Latina que os sírios precisam do fim da ingerência estrangeira para resolver a atual crise e atingir a paz.

O alto clérigo considera que diferentes meios ocidentais publicam relatórios de uma fonte única que não representa a realidade do país.

É alarmante ler relatórios de imprensa escritos em capitais europeias e em nações vizinhas, afastados do terreno, que falam de ações causadoras de dezenas de mortos, atentados e repressão desmedida, que, sem o menor recato, achacam às autoridades sírias.

"Não é menos verdadeiro que há uma crise cíclica de violência, onde períodos de calma são rompidos por atentados terroristas pavorosos como o cometido recentemente em uma avenida central de damasco, que deixou 55 mortos e muitos feridos, entre eles mulheres e crianças", recordou.

"Isso ninguém nega, mas daí a apresentar o cotidiano marcado só pela violência está longe da realidade", disse o Patriarca.

A população vive alarmada de que novas bombas atribuídas a grupos qualificados pelas autoridades como terroristas rompam a tensa paz a favor da qual trabalha uma equipe de observadores internacionais, parte da iniciativa de seis pontos do enviado da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan.

Diplomatas, correspondentes estrangeiros e cidadãos sírios que vivem no exterior se surpreendem ao chegar ao país e não encontrar as imagens que mostram as televisões e agências de imprensa em seus países de residência.

Em conversa sustentada com um sírio residente na Espanha, onde se dedica ao gerenciamento de um restaurante, este disse que lhe surpreendeu não encontrar a realidade que vendida sobre seu país. "Não vi a violência nem os atentados, nem a convulsão e protestos populares que refletem televisões e jornais", assegurou.

De igual forma expressaram-se membros de uma delegação de sírios residentes na Itália e que se esforçam para levar a verdadeira situação que observaram, muito afastada, segundo expressaram, do que publicam os meios nessa nação europeia.

Assim, diplomatas consultados lamentam-se de que familiares e amigos os telefonam alarmados pelos relatórios que veem na televisão e leem nos diários de seus respectivos países.

A violência, dizem, muitas vezes existe pelas mentiras repetidas que, na mente de muitos, se convertem em verdade. Sem temor de enganos, pode afirmar-se que a campanha midiática contra o povo sírio faz efeito apesar de que, para muitos, há confusão entre mentira e realidade.

Com Prensa Latina

Atualizado às 16h30