UEE e alunos da UniverCidade combatem mercantilização do ensino

O panorama do ensino superior privado no Rio de Janeiro e no Brasil é extremamente preocupante. A educação, cada vez mais, vem sendo tratada como uma mercadoria qualquer e a qualidade acadêmica é deixada em segundo plano. A situação na UniverCidade é caótica: alunos sem aula, professores e funcionários sem pagamento, alterações contratuais absurdas.

Por Bruno Ferrari

Educação nao é mercadaria

O problema na Universidade da Cidade teve início no final do ano de 2011, quando o Grupo Galileo comprou a faculdade e uma outra instituição de ensino, a Gama Filho. De lá pra cá, uma sucessão de problemas e irregularidades vem lesando professores, funcionários e alunos.

Há algumas semanas, os professores, que estão há meses sem receber seus salários, decidiram iniciar uma greve para pressionar a mantenedora da faculdade, que tem a obrigação de cumprir com os vencimentos dos docentes, bem como com o dos funcionários, além de garantir a qualidade estrutural e acadêmica. Afinal, uma instituição de ensino superior privada nada mais é que uma concessão pública, em que o Estado cede à iniciativa privada o direito de trabalhar com um serviço que o Estado não tem condições estruturais de universalizar. Portanto, o dever das mantenedoras é prioritariamente com a sociedade e não com seus cofres, bolsos e contas bancárias.

A situação dos alunos na UniverCidade também é bastante complicada. Há mais de um mês sem aulas e sem receber qualquer resposta concreta do Grupo Galileo, os estudantes estão vendo o semestre acabar e não tiveram chance, sequer, de realizarem as provas. Entretanto, os boletos bancários não deixam de chegar às caixas de correio, ou seja, o Grupo Galileo vem sendo ainda mais sujo que os outros “Tubarões do Ensino”, pois está vendendo educação como um saco de balas e ainda nem está entregando o produto – seguindo a absurda lógica que esses exploradores do povo e da educação brasileira usam.

Os fatos estão tão fora da realidade que o novo proprietário da UniverCidade executou uma alteração contratual absurda, que vai de encontro a qualquer princípio educacional: o Termo Aditivo Contratual. Uma cláusula que prevê que a UniverCidade tem o direito de executar práticas unilaterais como: fechamento de cursos e Campus, troca de estudantes de Campus, aumento de mensalidade a qualquer momento, utilização da imagem dos alunos para fins publicitários sem autorização prévia, além da retirada de bolsas sem negociações com os estudantes.

Apesar de toda essa dificuldade enfrentada por alunos, professores e funcionários, a força e a unidade do movimento de luta contra os abusos do Grupo Galileo crescem a passos largos. Há meses os estudantes e professores têm se reunido em assembleias e manifestações de rua. A União Estadual dos Estudantes, sob a liderança do presidente Igor Mayworm (UJS), organizou os estudantes e vem liderando as manifestações contra o Grupo Galileo e contra a mercantilização do ensino. Os protestos têm se repetido semanalmente e contado, cada vez mais, com um número maior de participantes. Há duas semanas, os estudantes se reuniram em frente ao Tribunal de Justiça e rumaram em passeata até a sede do Grupo Galileo, culminando em uma ocupação do local, que só se encerrou quando os membros da mantenedora aceitaram receber e negociar com os representantes do movimento.

“Após muitas manifestações e muita pressão sobre os representantes do Grupo Galileo nós conseguimos que eles se comprometessem em saldar os salários até o dia 15 de maio, fato que não ocorreu. Na última manifestação fizemos uma assembléia e decidimos realizar um novo ato nesta quinta, 17 de maio, caso a mantenedora não cumprisse o compromisso. A União Estadual dos Estudantes do Rio de Janeiro não vai sair das ruas enquanto o Grupo Galileo não resolver a situação de professores, alunos e funcionários”, salientou o presidente da UEE-RJ, Igor Mayworm.

O novo protesto está marcado para esta quinta (17), às 17h, em frente à sede do Grupo Galileo – Rua 7 de setembro, 66.