Ex-deputado se entrega e vai para a Papuda

O ex-deputado distrital Júnior Brunelli se entregou ontem à polícia, após dois dias foragido. Brunelli é acusado de ter destinado entre R$ 1,7 milhão e R$ 2,6 milhões dos cofres públicos
para que uma instituição de caridade ligada a familiares executasse projetos de assistência a idosos, mas o dinheiro nunca foi usado para a finalidade.

A Polícia Civil do Distrito Federal tentou prender Brunelli na sexta-feira, quando deflagrou a operação Hofini, mas não encontrou o ex-parlamentar, que ficou famoso em todo o país por participar da "oração da propina", o vídeo em que aparece rezando após receber dinheiro do delator da Caixa de Pandora, Durval Barbosa.

No apartamento de Brunelli, no Guará, os policiais apreenderam um computador, dinheiro e joias. Três assessores do ex-distrital foram presos, mas os advogados de Brunelli passaram a negociar com a polícia enquanto tentavam obter na Justiça um habeas corpus para que Brunelli permanecesse livre. A defesa do ex-distrital também exigia na Justiça que durante a prisão não fossem usadas algemas, que o ato não fosse acompanhado pela imprensa e que o ex-parlamentar fosse levada para uma cela especial em vez da Papuda.

O caso

De acordo com as investigações conduzidas desde 2010 pelo Ministério Público do DF e pela Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado, Brunelli obteve, por meio de várias emendas parlamentares, até R$ 2,6 milhões para a Associação Monte das Oliveiras, uma entidade filantrópica ligada à igreja evangélica da família do ex-distrital. O dinheiro, repassado pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda do DF, deveria ter sido usado para a execução de programas de assistência a idosos, mas, de acordo com a polícia, a instituição nunca prestou os serviços e justificou o uso da verba com a ajuda de notas fiscais falsas.