Poluição no Lago Paranoá vinha do HRAN

A fiscalização do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) confirmou que o vazamento de óleo no Lago Paranoá teve origem na caldeira localizada no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN). A máquina é utilizada para gerar vapor e água quente.

Contudo, os vazamentos existentes na caldeira, junto ao manejo incorreto do óleo e a falha na boia de controle do reservatório, fizeram o líquido escoar pelo sistema pluvial e ser levado ao lago. O Ibram aplicou uma advertência e multa ao hospital pelo ocorrido, mas os valores não foram informados.

Apesar da perícia da Delegacia Especial de Meio Ambiente (Dema) também ter apontado a caldeira do HRAN como a causa mais provável para o vazamento de óleo no Lago Paranoá, ainda não foi descartada da investigação a impermeabilização do telhado do hospital como outra possibilidade para a contaminação. No trabalho, foi utilizada uma substância semelhante à encontrada na superfície do espelho d’água.

Foi solicitada uma perícia complementar pela Dema nos dois pontos do hospital, para saber a origem exata do óleo que contamina o Lago Paranoá. Auditores, analistas ambientais e técnicos da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) e da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) também estiveram presentes na inspeção do Ibram.
Direção do HRAN será ouvida

Segundo o delegado-chefe da Dema, Ivan Dantas, a partir de hoje começarão as oitivas para ouvir os depoimentos da administração do HRAN, além dos representantes legais das duas empresas responsáveis por prestar serviços ao hospital na impermeabilização do telhado e na manutenção da caldeira.
Como uma empresa terceirizada é responsável, por contrato, a fazer uma manutenção preventiva no sistema de geração e distribuição de vapor e água da caldeira, a entidade terá que responder pela situação apontada pelos fiscais. “Estamos intimando e identificando os representantes, para apurar se ocorreu um evento doloso, uma falha operacional ou humana. Mas os identificados serão responsabilizados”, informou o delegado-chefe da Dema.
Caso a investigação aponte culpa da empresa, os donos podem ser punidos por crime de dano ambiental. Além disso, a depender do dano causado ao lago, os responsáveis podem cumprir pena de um a cinco anos de prisão. Até o fechamento desta edição, a reportagem não localizou os responsáveis pela empresa que presta serviços de manutenção da caldeira do HRAN.

A Secretaria de Saúde não se pronunciou a respeito da multa recebida pelo Ibram. Por meio de nota, informou que responderá apenas após a divulgação do resultado oficial da perícia feita pela Caesb, Ibram e Dema. Afirmou que somente após a conclusão do laudo será possível falar sobre o real motivo da contaminação. “Por enquanto, todas as hipóteses não passam de especulação”, ressaltou a nota.