Mortalidade infantil continua alta

 A taxa de mortalidade infantil no País baixou em 1,17% entre 2008 e 2010. Mas o Distrito Federal não acompanhou o índice nacional.

De acordo com os últimos dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), apurados pelo relatório da entidade Crianças, Adolescentes em Dados Estatísticos (Cade Brasil 2011), a taxa de mortalidade infantil do DF, em vez de diminuir como o restante do Brasil, aumentou em 0,85%.

A morte de crianças entre zero e 14 anos foi contabilizada a cada mil nascidos vivos. No DF, a mortalidade infantil subiu de 11,88% para 12,73% de 2008 a 2010. Junto com o Distrito Federal, somente os estados de Tocantins e Rondônia apresentaram números semelhantes. Registraram, respectivamente, aumentos de 0,82% e 1,93%. Enquanto isso, todas as demais unidades da Federação reduziram a taxa de mortalidade infantil.

Na avaliação do sociólogo da Universidade de Brasília (UnB) Antônio Testa, os números não surpreendem. “Isso ocorre pela enorme desigualdade social no Distrito Federal, especialmente nas regiões administrativas mais afastadas”, apontou.
Segundo o sociólogo, são mais comuns mortes na infância em locais com menos acesso a políticas públicas, e de menor poder aquisitivo. “Esse tipo de incidência não se verifica muito na classe média. Por isso, é mais provável que esteja ligada a problemas familiares e ausência de planejamento familiar, assistência social e atendimentos do governo”, ressaltou.
O Instituto Marista de Assistência Social (Imas) foi um dos responsáveis pela pesquisa do Cade Brasil. Segundo a coordenadora da entidade, Milda Moraes, os números provam que são necessárias mais ações políticas para mudar a realidade do DF. “O objetivo é divulgar esses dados, que são dispersos e fragmentados. Nesse sentido, ao analisá-los, o GDF poderá usar como parâmetro para definir suas futuras políticas públicas”, declarou Milda.

Coordenação

O Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fndca) foi o responsável por coordenar a pesquisa. A secretária-adjunta do Fórum, Iolete Silva, destacou que a divulgação dos dados na 9ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente precisa ser um incentivo na resolução dos problemas. “O governo sempre diz que está tudo resolvido, mas para quem está na defesa dos direitos, como nós, sabe que não é assim. Nosso papel é mostrar para eles onde é preciso resolver”, afirmou.