Capistrano: Santiago do Chile, uma bela e agradável cidade

No mês de maio (2012), entre os dias 16 e 24, realizei um velho sonho, visitar o Chile, terra de Allende e de dois prêmios Nobel da Literatura: Gabriela Mistral e Pablo Neruda. Não podemos deixar de registrar que o Chile é, também, à terra do general Augusto Pinochet, ditador que governou por mais de 20 anos o povo chileno, impondo ao país uma sanguinária ditadura que assassinou mais de 30 mil pessoas, prendeu e torturou milhares de opositores, período negro da história chilena.

O Chile tinha uma tradição de governos democráticos, o golpe militar de 11 de setembro de 1973 quebrou essa tradição. Foi um período bastante duro para os democratas chilenos, podemos até dizer para todos os democratas da América Latina que tinha no exemplo chileno um modelo a ser seguido, chegar a um governo socialista através do voto, uma utopia possível.
Allende foi eleito presidente da república através de um arco de aliança de partidos de esquerda, ele, senador pelo Partido Socialista, liderando a Unidade Popular, aliança vitoriosa nas eleições de 1971. Esse fato inquietou o império norte-americano e os seus lacaios chilenos. Os ianques não admitia outro país socialista nas Américas.

Portanto, a ditadura de Pinochet não foi um fato isolado, não foi por acaso, ocorreram golpes em todo o continente latinoamericano. Começou com o golpe militar de abril de 1964 no Brasil e se espalhou por grande parte do continente, tudo pensado e planejado no Departamento de Estado em Washington. Os embaixadores americanos no Cone Sul e a CIA articulando e financiando os golpistas.

A maioria dos países da América Latina não tem tradição democrática. As nossas elites sempre estiveram atreladas aos interesses imperialistas, com isso mantendo políticas econômicas excludentes, sempre tendo o cuidado de evitar que as camadas populares tenham uma participação decisiva na vida política dos seus respectivos países, pra que isso ocorresse sempre mantiveram o controle dos meios de comunicação, do poder político, religioso, econômico, militar e do judiciário.

O Chile é um belo país, com característica geográficas muito interessante, fica entre o oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes, é uma longa tira que vai desde o Peru até a Patagônia Argentina, sem esquecer as Ilhas da Pascoal a 3 mi e 700 quilômetros de Pacifico adentro, a famosa polinésia chilena.

Nessa viagem, além da capital chilena, visitei as cidades litorâneas de Vina del Mar e Valparaiso, duas bela cidades. Em Santiago um roteiro que vale a pena fazer é andar a pé pelas ruas de Santiago, visitar o Mercado Central, ir a Praça de Armas, ver o centro histórico da capital chilena, entrar na casa de Pablo Neruda, La Chascona, conhecer os principais museus, algumas livrarias, subir o Cerro San Cristóbal e o de Santa Lucia, admirar o paredão branco de neve da cordilheira dos Andes que circunda a bela capital chilena. Outro é fazer um roteiro de visita as vinícolas e tomar um bom vinho. E a culinária chilena? Ah! Só provando. Uma delicia. Tudo isso é imperdível.

No meu roteiro de viagem a capital chilena não poderia de deixar de fazer uma visitar ao principal Cemitério de Santiago, tinha uns amigos para visitar no cemitério: Salvador Allende, Violeta Parra, Victor Jara e os milhareis de companheiros e companheiras que estão sepultados no Memorial dos Mortos e Desaparecidos da ditadura do Pinochet, uma bela e emocionante homenagem do povo chileno aos que foram mortos durante a ditadura militar. É o Memorial da Verdade.

Para finalizar a minha visita ao Chile, tive um honroso encontro com a Comissão de Relações Internacionais do Partido Comunista do Chile. Encontro realizado na sede do partido. Foi um proveitoso e agradável encontro. Conversamos bastante sobre o cenário político internacional, o papel dos comunistas nesse cenário e o processo de consolidação das incipientes regimes democráticos no nosso continente. Tarefa complicada e difícil, mas não impossível.

Aos que desejam fazer uma viagem a um país latino-americano, recomendo, sem nenhum medo de errar, o Chile como uma boa opção, claro que temos outros bons destinos turísticos entre tantos recomendo, o Uruguai, a Argentina, o Panamá e Cuba, países que conheço, são, também, excelentes opções, cada um com suas características, entretanto existe duas semelhança entre eles, à hospitalidade do povo e um belo conjunto da arquitetura colonial.

 

Antonio Capistrano – ex-reitor da Uern – filiado ao PCdoB