Panetta inicia visita ao Oriente Médio; Síria e Irã no alvo

A suposta ameaça nuclear do Irã e os vínculos do país persa com a Síria encabeçam os temas que o secretário norte-americano da Defesa, Leon Panetta, debaterá em três países árabes e Israel, destacaram neste domingo (29) fontes diplomáticas.

Panetta inicia nesta segunda-feira (30) uma visita à Tunísia em busca de cooperação militar com as autoridades provisórias, aproveitando a estreita identificação do governo liderado pelo partido islâmico moderado Ennahdha com monarquias pró-imperialistas do Golfo Pérsico.

Funcionários norte-americanos citados por meios tunisinos disseram que o secretário da Defesa discutirá uma futura associação militar com a nação magrebina e saudará o que Washington considera uma "transição exitosa e relativamente estável" a um governo democrático.

Diplomatas ocidentais no Cairo, Egito, segunda etapa do périplo do chefete do Pentágono, recordaram que a própria Casa Branca situa entre suas prioridades, além de garantir proteção a Israel, selar uma cruzada regional contra o Irã.

Nesse sentido, as fontes consultadas por Prensa Latina indicaram que se espera que as fases "mais interessantes e proveitosas" do giro de Panetta sejam o Egito e a Jordânia, dois Estados árabes fronteiriços com Israel e os únicos que assinaram um tratado de paz em 1979 e 1994, nessa ordem.

Ademais, o Egito, cuja presidência já confirmou que o mandatário islâmico Mohamed Morsi receberá Panetta na terça-feira (31) no Cairo, é o único país árabe que não tem relações diplomáticas com a República Islâmica desde 1979, o que tornaria mais fáceis os planos de Washington.

O secretário da Defesa do governo de Barack Obama repassará com as autoridades egípcias o estado da assistência militar, que alcança US$ 1,3 bilhão anuais, a maior que a Casa Branca oferece a um Estado do Oriente Médio, depois de Israel.

Por outro lado, Panetta se reunirá com o chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas e ministro da Defesa, o marechal de campo Mohamed Hussein Tantawi, para falar do compromisso da cúpula militar egípcia de transferir todo o poder a um governo civil.

A etapa de compromissos mais tangíveis será Jerusalém, onde Panetta dialogará com seu homólogo israelense, Ehud Barak, sobre a segurança para o maior aliado estadunidense na região, ao qual concede a cada ano uma ajuda militar de US$ 3 bilhões.

Washington aprovou na semana passada uma lei que dá a Tel Aviv mais acesso a seu mercado de armas e munições, sempre com os olhos voltados a criar condições para um eventual ataque contra usinas nucleares iranianas, devido à negativa de Teerã de renunciar a seu programa nuclear pacífico.

O diário israelense Haaretz informou neste domingo (29) que o assessor de segurança nacional de Obama, Thomas Donilon, informou ao primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu, sobre um plano de contingência estadunidense para atacar o Irã, se a diplomacia não frear suas atividades nucleares.

O tema sírio também dominará todos os contatos de Panetta, mas terá relevância ainda maior no encontro previsto para se realizar em Amã com o rei Abdulah II da Jordânia, sob o pretexto de reforçar a segurança na fronteira com a Síria diante da chegada de cerca de 140 mil desalojados pelo conflito.

A monarquia hashemita se reúne quase diariamente para estudar o deslocamento de forças especiais na fronteira, diante da presunção de que Damasco é incapaz de proteger suas armas químicas e biológicas, um tema superdimensionado de modo oportunista por círculos ocidentais.

Antes de embarcar para a Tunísia, o secretário da Defesa dos Estados Unidos deu declarações provocadoras e ofensivas contra o presidente sírio Bashar al-Assad, numa revelação do ânimo com que viaja à região. Panetta disse que a ofensiva síria em Alepo representa um "prego no caixão" do mandatário.

Ameaçador, Panetta disse que não é mais uma questão se o regime sírio vai cair, mas "quando" isso vai acontecer.

Com Prensa Latina e agências internacionais