Dieese mostra perfil do desempregado no DF

Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), a maior parte dos desempregados do Distrito Federal tem entre 16 e 25 anos, é negra, mulher e veio das cidades mais distantes do centro da capital. Este grupo sofre as dificuldades de um mercado limitado para pessoas sem formação profissional, de baixa escolaridade.

A PED aponta que depois de pelo menos seis anos de queda constante no desemprego, o índice de desempregados estagnou, o que pode representar um alerta para o mercado do DF. Nesse caso, nem grandes eventos como a Copa do Mundo poderão ser positivos, se não houver formação necessária para a ocupação da sonhada vaga.

Em meio aos 45,6% da população desempregada entre os 16 e 25 anos, Ailson Moura Borges, de 19, colabora para o sustento da família com os bombons que vende nos ônibus. "A gente sempre está procurando uma coisa melhor, mas até hoje nunca consegui emprego fichado", conta o rapaz, que hoje faz apenas os bicos de vendedor. Ele compõe as estatísticas das pessoas que de maneira irregular vão tentando se sustentar com empregos informais, na condição de desemprego aberto, ou seja, quando se trabalha de forma precária, mas se busca outra ocupação segura e rentável, sem sucesso.

De acordo com a PED, feita pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-econômicos (Dieese), depois de uma série histórica de queda das taxas de desemprego desde 2006, junho deste ano e junho de 2011 tiveram taxas bastante similares. O desemprego subiu de 12,7% para 12,9%, o que segundo o técnico que participou da pesquisa, Daniel Biagione, pode representar uma estagnação do número de desempregados.

Para a professora de Geografia e Estatísticas da Universidade de Brasília (UnB), Ana Maria Nogale, isso pode representar um problema. "Vemos uma taxa de desemprego que parou de cair, apesar de existirem empregos que não estão ocupados. Isso é o reflexo da falta de formação. É sinal de que o tempo que pode levar até a inserção dessas pessoas no mercado pode demorar demais, enquanto aumenta a População Economicamente Ativa (PEA). Ou seja, mais jovens entram no mercado de trabalho, também sem formação".