Servidores fazem marcha e atos públicos em Brasília

Pelo menos 12 mil servidores públicos de diversos estados, em greve, estão reunidos em frente ao Bloco C do Ministério do Planejamento, em Brasília (DF), onde se concentram as reuniões do governo com os dirigentes sindicais. Durante a manhã desta quarta-feira (15), eles seguiram em marcha pela Esplanada dos Ministérios para pressionar a abertura de negociação com as diversas categorias do funcionalismo público.

Trabalhadores iniciaram a paralisação há cerca de três meses, com os professores e técnicos administrativos das universidades federais. De lá pra cá, diversas categorias vêm aderindo ao movimento. Hoje, os servidores do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) de São Paulo aprovaram, em assembleia, a paralisação. A organização paulista determinou que nenhum postos de atendimento deverá funcionar.

“Não temos reposições desde o governo Fernando Henrique Cardoso. Reivindicamos 22,8% de reajuste real. Mas, até agora, não tivemos a confirmação de que seremos recebidos para abrir negociação, além de reestruturação de carreira e mais investimentos na Saúde”, explicou Joel Soares, diretor no Rio Grande do Sul da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps).

A entidade representa cerca de 300 mil servidores em todo país em órgãos como Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Ministério do Trabalho e INSS. Outro ponto que integra a pauta da Fenasps é a equiparação dos salários dos técnicos de saúde à tabela do seguro social dos servidores do INSS.

Os manifestantes se concentraram às 10h em frente à Catedral Metropolitana, e, depois, saíram marchando pela Esplanada até o Palácio do Planalto, onde fizeram um ato para chamar a atenção da presidenta Dilma Rousseff.

“Destacamos a força das entidades que representam o servidor público, que conseguira mostrar a unidade do movimento. E viemos aqui[Brasília] para dizer ao governo que não pode colocar sobre os ombros do servidores a parte podre do capital, essa onda de crise que vem com da Europa. A melhor maneira de enfrentar uma crise é aumentar os salários dos trabalhadores para movimentar o mercado interno e fortalecer a economia”, declarou ao Vermelho Paulo Vaz, coordenador de Assuntos de aposentadoria da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra) e dirigente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) da Bahia.

Segundo Paulo Vaz, os trabalhadores permaneceram em frente ao Planejamento para pressionar pelas reuniões que acontecem desde ontem. Além disso, devem se juntar à vigília dos aposentados, marcada para às 18h desta quarta. Um grupo de aposentados entregará uma pauta de reivindicação ao ministro Garibaldi Alves Filho.

Agenda de negociações

Por volta das 12h, uma comissão de servidores da Polícia Federal (PF) estava reunida com o negociador do governo, o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça. Depois, segundo a ordem do dia, uma comissão da Fasubra seria recebida.

Ontem, quando o governo reabriu as negociações com as categorias – por estratégia tomou-se a decisão de negociar com cada uma das categorias, ao invés de falar com as centrais sindicais – ocorreram reuniões com a confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef), quando ficou acertado novo encontro para sexta-feira para discutir a Lei 12.277, que criou uma tabela salarial diferenciada para cinco cargos de nível superior (NS) do Executivo. Desde então, a confederação tenta equalizar todas as tabelas dos servidores de NS, com mesmo percentual de reajuste para servidores de nível intermediário (NI) e auxiliar (NA).

Incra

Ontem, a primeira rodada de negociações do governo com servidores federais em greve durou menos de uma hora. Servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) consideraram que não houve avanço na reunião com o governo e decidiram ocupar a sala de negociação no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Outros 300 manifestantes permanecem do lado de fora do prédio.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho