Correa: Negativa de Londres no caso Assange tem traços coloniais

O presidente do Equador, Rafael Correa, assegurou que a negativa de Londres a entregar o salvo-conduto ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, tem "traços de colonialismo, de etnocentrismo, de imperialismo".

A decisão soberana do Equador de conceder asilo ao jornalista australiano, objetivamente, poderia gerar represálias, o que seria algo atroz, alertou o chefe de Estado em uma entrevista com a rede noticiosa russa de televisão RT, difundida nesta sexta-feira (24). 

O Equador assumiu essa postura no marco do respeito ao direito internacional, em função de seus princípios humanistas, enfatizou Correa. Além disso, detalhou, analisaram-se todos os contextos jurídicos, tanto internos como internacionais.

A ameaça do Reino Unido de entrar na embaixada de Quito em Londres para prender Assange sentaria um precedente em caso de concretizar-se, remarcou.

Perguntado pela RT por que Julian Assange elegeu o Equador para solicitar asilo, Correa destacou que é a melhor resposta diante de tanta campanha de desprestígio contra seu governo, em particular às denúncias de que no Equador "não há liberdade de expressão".

"E o ícone da liberdade de expressão elege refugiar-se na Embaixada do Equador. É a melhor resposta diante de tanta mentira", expressou o chefe de Estado. Assange pode ficar por tempo indefinido na sede diplomática equatoriana "a não ser que se cumpra a ameaça britânica" de violar o prédio para prendê-lo, intimidação da qual "não se retratou".

No caso de ocorrer, se romperiam imediatamente as relações diplomáticas, advertiu Correa. "Acredito que teria uma reação muito forte, ao menos da região da América do Sul e de toda a América Latina", alertou.

Mas, insistiu, o mais prejudicado seria o povo britânico. "A mais prejudicada seria a Grã-Bretanha, porque após uma ação dessa natureza, como vão poder impedir que sejam violadas as embaixadas britânicas ao redor do planeta", reafirmou.

Recordou que seu país jamais impediu que Assange respondesse à justiça sueca. Só se pede a garantia de não extraditá-lo a um terceiro país. "O Equador não vai negociar com os direitos humanos de uma pessoa" e Assange "está sob a proteção do Estado equatoriano", por isso será feito tudo que for necessário para que essa proteção seja efetiva, afirmou.

Reiterou a disposição de seu país ao diálogo com o fim de buscar uma saída definitiva a este conflito. Por outro lado, destacou que o apoio da Aliança Bolivariana para os Povos de nossa América e da União de Nações Sul-americanas à decisão do Equador se deve à "obstrução diplomática da Grã-Bretanha", que ameaça violar a Embaixada equatoriana para prender Assange.

Isso aglutinou todos os povos da América do Sul, da América Latina e muitas outras partes do mundo, ressaltou. Porque, disse, a posição do Reino Unido "destruiria um dos princípios civilizatórios dos últimos séculos: a inviolabilidade das sedes diplomáticas".

Na sexta-feira passada, o Equador outorgou o asilo a Assange, que é questionado por ter revelado telegramas diplomáticos de vários países do mundo, entre eles os Estados Unidos, onde poderia ser julgado por tribunais especiais e militares, e correria o risco de ser condenado à pena de morte.

Na sexta-feira passada, o Equador outorgou o asilo a Assange, que é questionado por ter revelado telegramas diplomáticos de vários países do mundo, entre eles os Estados Unidos, onde poderia ser julgado por tribunais especiais e militares, e correria o risco de ser condenado à pena de morte.

Através do WikiLeaks, o jornalista australiano mostrou, entre outros assuntos, as infrações da chamada guerra contra o terrorismo empreendida pelo governo dos Estados Unidos e seus aliados.

O ataque aéreo em Bagdá do dia 12 de julho de 2007, Diários da Guerra do Afeganistão e os Registros da Guerra do Iraque são algumas das revelações que expõem delitos consentidos pelo Pentágono.

Fonte: Adital