Ônibus sem elevador prejudica estudantes e usuários deficientes

O Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans) informa que as empresas devem manter os elevadores em funcionamento, sob risco de serem penalizadas.

E assegura que a fiscalização será feita e a empresa será autuada.
Sempre com um sorriso no rosto, Leonardo Pereira, 17 anos, supera todos os obstáculos que a vida lhe impõe desde os cinco anos. Portador de uma doença genética, amiotrofia espinhal progressiva, ele não deixa o diagnóstico lhe abater e busca sempre o que quer. Já enfrentou diversas internações, unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e cirurgias, mas tirou de letra todos os problemas. No entanto, um caso bem mais simples tem atrapalhado o seu sono. Não está podendo ir à escola, pois os ônibus que passam perto de sua casa estão com os elevadores para cadeirantes quebrados.

Ele cursa o terceiro ano do Ensino Médio, no Centro Educacional Darcy Ribeiro do Paranoá, que fica a três quilômetros de onde mora. O caminho é feito pela empresa Planeta, linha 761, mas os elevadores dos ônibus não estão funcionando e a solidariedade das pessoas não é suficiente, pois apenas a cadeira de Leonardo pesa 130 quilos e é difícil de ser carregada. O equipamento, ele ganhou após amigos organizarem uma campanha.

Por isso, muitas vezes o caminho é feito junto com sua mãe sob o sol quente, a pé. Entretanto, devido à condição do garoto, ele é obrigado a faltar as aulas, como fez na última semana. Segundo sua mãe, Luzinete Pereira, a caminhada até o colégio é muito perigosa.

“Não tem calçada em boa parte do percurso. Temos que entrar no meio do trânsito e depois pegar uma ciclovia. Não tem segurança alguma. Meu filho mais velho, quando pode, leva a gente e nós voltamos de carona com algum professor. Mas nem sempre ele pode nos ajudar, e o jeito é estudar em casa. Estou com medo de ele perder o último ano por causa de falta de transporte”, lamenta.

Leonardo também reclama. Diz que ir à escola é uma de suas diversões. “Gosto de ir para escola, pois é onde vejo meus amigos e saio de casa. Sinto muita falta”, ressalta. Ele é estudioso, tira boas notas e quer ser promotor de Justiça. E já decidiu, mesmo com todos os obstáculos, que continuará estudando e no próximo ano quer fazer faculdade.

Enquanto isso, Leonardo e Luzinete se viram como podem. A mãe reclama que mora em Brasília desde 2000 e ele nunca conheceu um ponto turístico por falta de transporte. Inclusive, seu acompanhamento hospitalar é em casa. “Ele é tratado com internação domiciliar. Mesmo assim, muitas vezes tenho que arranjar um jeito de levá-lo ao médico, pois demora um pouco para os médicos virem aqui. E nessas situações, mais constrangimento, pois temos que depender de outras pessoas”, afirma.