Angola: MPLA é favorito na eleição de amanhã

O partido que vencer a eleição parlamentar vai indicar o chefe do Executivo. E a interferência da embaixada dos EUA provoca indignação no país

Eleição em Angola

Amanhã, 31 de agosto, vai ser um dia importante para Angola: no país terão lugar eleições parlamentares e, simultaneamente, presidenciais.

Concorrem às eleições nove forças políticas, entre as quais cinco partidos – o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder desde 1975), a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o Partido da Renovação Social (PRS), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), o Partido Popular para o Desenvolvimento (PAPOD) – e quatro coligações – a Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), a Nova Democracia (ND), o Conselho Político da Oposição (CPO) e a Frente Unida para a Mudança de Angola (FUMA).

Em 2011, a Constituição foi revisada e agora os candidatos à chefia do Estado são apresentados pelo partido que ganhar as eleições parlamentares.

O MPLA está na frente, diz a imprensa angolana. Segundo Jornal de Angola, “o partido no poder detém uma superioridade que lhe advém da sua grande experiência de governação, durante a qual porventura nem tudo foram sucessos; e que por isso mesmo lhe permite ter muito mais para oferecer pela necessidade de ter que dar continuidade às obras gigantescas em curso e em especial no domínio da melhoria da vida das populações (…) O MPLA e o seu candidato foram recebidos em todo o lado com banhos de multidão, prova da confiança que o povo lhe deposita”.

A campanha eleitoral foi tensa e enquanto o MPLA acusou a oposição de não ter propostas concretas, o maior partido da oposição, a UNITA (principal dirigente da guerrilha contra o governo entre 1975 e 2002) colocou em dúvida a transparência na preparação da eleição e acusou a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de ter organizado “o pior processo eleitoral de sempre”, sendo rebatido pela CNE, que acusou as denúncias de “infundadas”. O presidente da Comissão Nacional Eleitoral, Silva Neto, afirmava esta semana que o processo de preparação das eleições gerais em Angola “está a ser conduzido com toda transparência”.

Pressão dos EUA

A campanha eleitoral não passou sem um pequeno escândalo diplomático: a embaixada norte-americana em Angola pressionou publicamente a CNE para "credenciar imediatamente" os observadores eleitorais da própria sociedade angolana e chamou a atenção para os atrasos no credenciamento de "observadores internacionais". O comunicado divulgado pela embaixada foi criticado pelo Jornal de Angola em editorial que a embaixada dos EUA “de falta de cortesia para com a Comissão Nacional Eleitoral” e classificou o comunicado como "impróprio de uma representação diplomática, no qual são feitas afirmações desprimorosas para a dignidade da CNE"; o jornal acusou a embaixada norte-americana de "arroga-se o direito de dar ordens a uma instituição angolana independente".

A tensão aumenta em Angola. Num país que esteve em guerra civil durante 27 anos, de 1975 a 2002, e que só conheceu a paz e o desenvolvimento nos últimos dez anos, muitos temem que o confronto político possa resultar em violência.

Observadores eleitorais

A CNE informou que foram credenciados 2.200 observadores eleitorais, deles 700 estrangeiros. Segundo a porta-voz da CNE, Julia Ferreira, os observadores, distribuídos em 18 províncias angolanas, têm o objetivo de monitorar o processo, que deve ser transparente e acreditável.
Foram credenciados também 1.473 jornalistas nacionais e 700 estrangeiros.

Esta será a terceira eleição angolada depois da independência, em 11 de novembro de 1975, e terá a participaçãol de 9,7 milhões de eleitores. As duas anteriores, em 1992 e 2008, foram vencidas pelo MPLA, que é favorito para vencer também este ano.

Com informações da rádio Voz da Rússia e da Prensa Latina