Paz será exitosa se maiorias participarem, afirma líder das Farc
O líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Timoleón Jiménez, afirmou que o processo de paz entre o governo e a guerrilha será bem-sucedido se tiver a participação das grandes maiorias do país.
Publicado 19/09/2012 12:41
“Nós partimos da ideia de que este processo será exitoso na medida em que essas grandes maiorias – que tendem a uma solução política – tenham a oportunidade de falar, se mobilizar, influenciar e decidir. Estamos convidando [as maiorias] a que façam isso”, destaca Jiménez em entrevista exclusiva concedida a Carlos Lozano, diretor do semanário Voz, órgão do Partido Comunista colombiano.
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“O presidente Juan Manuel Santos repete que não pensa cometer os erros do passado e confiamos que assim seja”, indica o líder das Farc. Em sua opinião, o principal erro de todos os processos anteriores foi chegar à mesa de diálogo e exigir rendição, sem uma vontade real de atender e resolver as causas que deram origem e continuam alimentando o conflito
Interrogado sobre quais são os antecedentes da insurgência – perante a posição do governo colombiano de manter as operações e a pressão militar sobre as Farc –, Jiménez respondeu que 12 presidentes, um deles com duplo mandato, “prometeram invariavelmente nosso fim e deram carta livre aos militares para tentar cumpri-lo”.
“Quando Santos ordena aumentar as operações, não está dando satisfações à extrema direita”, opina. “O faz porque acha que com isso – como todos os anteriores governos – poderá nos obrigar a uma rendição pela força. Esse é o círculo vicioso que é necessário romper”, argumenta.
Indica que, se for realizado o plebiscito geral de aprovação às conversas de paz, “pode se constatar como a imensa maioria dos colombianos não compartilha de uma solução militar, entre outras coisas porque, com maior sensatez que seus governantes, sabe que não será possível”.
Ao se referir à renúncia do caminho bélico, colocada sobre a mesa de negociações, expressa que não teria sentido iniciar um processo encaminhado a finalizar o conflito, sem contemplar o abandono de armas como ponto final.
“Trata-se de um verdadeiro adeus às armas, se conseguimos que isso se converta em uma realidade na Colômbia, nosso país daria um salto enorme para adiante”, admite.
Com respeito ao prazo de seis a oito meses anunciado pelo chefe de Estado colombiano para deixar resolvido definitivamente o conflito, Jiménez assegura: "Trata-se de uma expectativa que Santos está gerando por conta própria, não coerente com o pactuado no papel e o espírito das aproximações exploratórias".
“Durante as conversas e o acordo, se decidiu não fixar datas finais, nem sequer usar a palavra meses, de modo que o expressado pelo presidente nos indica o difícil que vai ser este caminho que empreendemos. De certo modo, evidencia de maneira clara a estratégia de impor prazos através dos meios.”
“Para chegar a Havana, Cuba, e realizar o Encontro Exploratório tardamos dois anos, quando inicialmente se achou que seria questão de semanas. E não foi precisamente por causa da insurgência”, acrescenta, “tema sobre o qual não quero dar mais detalhes para respeitar o compromisso de manter pelo momento em reserva certos detalhes”.
“Ainda que, pelas crônicas que saem nos meios de comunicação, a contraparte parece ter se esquecido disso”, assinala.
No dia 26 de agosto em Havana, o governo colombiano e as Farc se comprometeram a iniciar uma mesa de negociações sobre o chamado "Acordo geral para a terminação do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura".
Nesse encontro, os governos de Cuba e da Noruega se desempenharam como garantes de tais aproximações, enquanto que os da Venezuela e do Chile o fizeram como acompanhantes, condições que manterão na etapa de negociações que se abrirá em Oslo e mais tarde se transladará à capital cubana.
Fonte: Prensa Latina