Flávio Dino: Turismo, cultura e desenvolvimento

 Nosso Maranhão é riquíssimo nas belezas de nosso território e nos bens naturais de nosso subsolo, mas também em uma matéria-prima abundante que não exige muita prospecção para vir à tona: a criatividade de nosso povo. Música, poesia, literatura, danças populares, são tantas as manifestações da capacidade do maranhense de expressar em arte as belezas e sofrimentos da vida, que seria injusto citar apenas um ou outro artista.

Por Flávio Dino

A diversidade única das manifestações culturais maranhenses chama a atenção de pessoas do mundo todo, bem como de outros estados de nosso país. Apenas um dos aspectos dessa diversidade, a arquitetura de nosso Centro Histórico, já bastou para que São Luís fosse proclamada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Também o tambor de crioula foi considerado patrimônio imaterial do Brasil pelo Iphan, órgão do governo federal.

São elementos da diversidade cultural maranhense que têm forte apelo para atração de turistas para nosso estado. Tenho usado esses elementos constantemente em meu trabalho na Embratur. Nesta semana que passou, por exemplo, São Luís teve especial destaque na Semana do Brasil na França, promovida pela Embratur. O ponto alto da série de eventos foi nossa participação na International French Travel Market (IFTM), feira conhecida como Top Resa – a mais importante da França.

Nesta feira, por iniciativa da Embratur, o Brasil teve um estande na Village Culturel, uma área dedicada exclusivamente à cultura. Lá, a Embratur destacou dois dos Patrimônios Culturais da Humanidade presentes no Brasil: Olinda, que este ano comemora 30 anos de reconhecimento pela Unesco, e nossa querida São Luís, por seu quarto centenário.

Nesse estande de 234m², destacamos as belezas de São Luís, exibindo shows de Bumba Meu Boi, expondo fotos de nosso Centro Histórico e as indumentárias que nosso povo usa em suas festas. Houve grande interesse do público presente, tendo nosso estande, inclusive, recebido a visita da nova ministra do Turismo da França, Sylvia Pinel.

Ou seja, interesse no exterior não falta. O que tem faltado é o apoio consistente dos governos locais para que as manifestações culturais tenham condições correspondentes à atenção que despertam. Já passou da hora de termos investimentos consistentes para transformar São Luís em uma verdadeira Capital Cultural.

Em primeiro lugar, faz-se necessário construir Centros de Cultura com o objetivo de serem verdadeiros polos irradiadores nos bairros, transformando-se em espaços descentralizados para diversas manifestações artísticas.

Também devemos dar bom funcionamento às Escolas de Música, com maiores investimentos, contratação de novos professores e compra de mais instrumentos. Concomitante ao fomento da produção cultural, o governo municipal deveria realizar atividades indutoras do turismo, como criar um calendário de eventos, para além do já existente hoje, potencializando a visibilidade de nossas atividades culturais.

Em paralelo às ações indutoras, devemos fortalecer os instrumentos institucionais, como o Conselho Municipal de Cultura, importante órgão de participação da sociedade civil na definição das diretrizes de políticas culturais. Articulado com o Conselho, devemos fazer funcionar, com transparência e eficiência, um Fundo Municipal de Cultura, garantindo verbas o ano inteiro.

Vejo essas duas vertentes – cultura e turismo – como alavancas poderosas para o desenvolvimento de nossa capital e de todo o estado. Além de trabalharem com uma matéria-prima abundante no Maranhão – a criatividade – têm uso intensivo de mão de obra e podem representar uma opção real de trabalho para milhares de maranhenses, objetivo importante para a criação de um Maranhão de Todos Nós.

Flávio Dino é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal (PCdoB-MA) e juiz federal