Assange discursa em evento paralelo ao da ONU e critica Obama

Na quarta-feira (26), no marco da 67ª edição da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece em Nova York, nos Estados Unidos,o jornalista australiano e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, falou em evento paralelo. Em uma vídeo-conferência realizada na Embaixada do Equador em Londres, falou sobre direitos humanos e o caso do soldado Bradley Manning, além de agradecer por tratados de asilo político propostos pela ONU e pedir o fim da perseguição a WikiLeaks.

Na ocasião, Assange reservou grande parte do tempo para falar sobre Bradley Manning, soldado norte-americano de 24 anos que está preso há 856 dias, sem julgamento, por ter dado a WikiLeaks informações e provas sobre assassinatos e corrupções políticas apoiadas e praticadas pelo Exército dos EUA no Iraque.

Bradley é acusado de, em 2010, entregar a WikiLeaks e a Assange detalhes sobre tortura de iraquianos, assassinato de jornalistas e registros detalhados sobre a matança de mais de 120 mil civis no Iraque e no Afeganistão. Também é apontado como o responsável por ter dado a WikiLeaks 251 mil telegramas diplomáticos dos Estados Unidos que ajudaram a deflagrar a Primavera Árabe.

"Bradley Manning (…), soldado e patriota, foi degradado, agredido, psicologicamente torturado pelo próprio governo de seu país. Foi acusado de crime para o qual a lei prevê a pena de morte. Passou por tudo isso, tudo que o governo dos EUA fez contra Bradley Manning visou, sempre, a conseguir obrigá-lo a testemunhar em processo contra WikiLeaks e contra mim”, denunciou Assange.

Engana-se quem pensa que este capítulo já ficou para trás. Na realidade, além de Bradley continuar preso, sem direito a julgamento, situação que viola as próprias leis estadunidenses, WikiLeaks continua sendo investigada pelo Departamento de Justiça dos EUA, segundo confirmou, em julho deste ano, o porta-voz deste órgão, Dean Boyd.

O jornalista também criticou as belas palavras do presidente estadunidense Barack Obama e o empenho de seu governo para criminalizar a liberdade de expressão. "O governo dele já agiu mais, na direção de criminalizar a liberdade de expressão, que todos os presidentes dos EUA antes dele, somados”, garante.

Obama também foi criticado porque em sua fala durante a Assembleia, na terça-feira, afirmou que os Estados Unidos apoiaram as forças de mudança na Primavera Árabe e no Egito. Assange questionou sua audácia em assegurar isto quando na verdade, enquanto os egípcios lutavam contra o regime de Mubarak, Hillary Clinton insistia que o regime do ditador era "estável”, quando todos sabiam que não era.

"É faltar ao respeito com os mortos e os encarcerados do levante do Bahrain dizer que os EUA ‘apoiaram as forças da mudança’. Isso, sim, é audácia”, acrescentou.

No sentido de proporcionar mudanças reais, pediu ao presidente estadunidense que transforme suas belas palavras em ações igualmente belas, que respeite a liberdade de expressão e pare de perseguir WikiLeaks, seu pessoal e as pessoas que o governo acredita serem informantes do site de denúncias. "É tempo hoje de o presidente Obama fazer a coisa certa e unir-se às forças da mudança. Não em belas palavras. Mas em ações belas”, finalizou.

Confira a vídeo-conferência:

Fonte: Adital