De astro a paraplégico, o Caminho das Setas de Marcelo Yuka

Vencedor do Prêmio de Melhor Montagem no Festival do Rio 2011, o documentário Marcelo Yuka no Caminho das Setas, da cineasta Daniela Broitman, chega ao circuito nacional de cinemas dia 30 de novembro.

Com a cumplicidade de quem explorou a vida do ex-baterista do Rappa, sua condição de paraplégico após ter levado nove tiros, sua inquietude pessoal e política, a diretora condensou em 95 minutos muito mais do que o esperado.

Persistente como seu personagem, o filme levou oito anos para ser finalizado. Para além de uma narrativa biográfica, o documentário aborda temas como a relação do ser humano com o corpo e a dor, a pesquisa e tratamento com células-tronco, o casamento e o amor, a produção musical fora dos grandes mercados e os direitos autorais, além do debate sobre questões sociais e segurança pública.

O roteiro de Marcelo Yuka no Caminho das Setas cria uma convivência transparente e sem truques com as transformações na vida do músico. A montagem de Jordana Berg, do vasto material de arquivo e das mais de 130 horas de filmagens, conduz o espectador por cenas inéditas ou pouco vistas, como os bastidores da saída de Yuka do hospital logo após ter sido baleado. Entrevistas antigas e cenas extra-oficiais do Rappa, ensaios e gravações do grupo F.U.R.T.O – formado pelo artista após o incidente – e imagens domésticas e bastante íntimas do seu dia-a-dia também compõem a produção.

O filme conta com as participações especiais dos músicos do O Rappa (Marcelo Falcão, Xandão, Lauro Farias e Marcelo Lobato), além de BNegão, Manu Chao, Apollo Nove, Aleh Ferreira, Pedro Bernardes e Cibelle.

Waly Salomão

O “caminho das setas” do título foi inspirado no que dizia o poeta Waly Salomão a Marcelo Yuka num episódio relatado no documentário. Assim como o músico, o filme também revela suas próprias mudanças, buscando constantemente sentidos e caminhos diversos. Ao longo de uma década, três formatos digitais foram utilizados (DV, HDV e HD), partindo de uma resolução com menos qualidade à alta definição. A evolução tecnológica do filme foi seguindo as mudanças do personagem (e de toda uma geração), marcando esteticamente as diferentes etapas de sua vida.

“Eu achava que a história do Marcelo tinha que ser contada e que o Brasil precisava conhecê-lo pelos seus diferentes ângulos. Não é a fabricação de um herói ou mártir, e não é uma obra sensacionalista para fazer as pessoas chorarem. Há no filme um processo de busca pela paz, tanto do personagem como minha, e que se desloca durante o correr dos anos do mundo externo para o interno”, afirma a diretora Daniela Broitman, que também é a roteirista e produtora do filme, e amiga pessoal de Marcelo Yuka.

Realizado pela VideoForum Filmes, Daniela conquistou para o projeto a prestigiosa bolsa John Simon Guggenheim Memorial Foundation, pela qual pôde aprofundar a pesquisa de imagens e temas abordados no filme, principalmente sobre pesquisas relacionadas à célula-tronco. No final de 2010, o projeto foi um dos vencedores do Programa Cultural Petrobras e, em seguida, um dos quatro longas-metragens selecionados no edital da Filme Rio – Rio Film Commission.

A distribuição está sendo feita pela Tucumán Filmes em conjunto com a VideoForum Filmes. As cidades já confirmadas para exibição são Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis, Salvador, Palmas e Brasília.

Sinopse

Com letras repletas de críticas sociais, Marcelo Yuka estava no auge do sucesso como compositor, baterista e líder da banda O Rappa – uma das principais na cena pop rock dos anos 1990. Porém, aos 34 anos, nove tiros em um assalto no Rio de Janeiro o colocaram em uma cadeira de rodas. O documentário é um mergulho na transformação de Yuka desde o trágico incidente, em novembro de 2000, que revela sua complexidade como artista e ativista. Enquanto luta por sua saúde física e espiritual, ele se arrisca em novas sonoridades e segue as setas numa incessante busca por justiça social e paz. Site oficial: http://marceloyukanocaminhodassetas.com

A diretora Daniela Broitman

Cineasta e jornalista, com mestrado da Universidade da Califórnia – Berkeley, Daniela Broitman trabalhou nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de São Paulo. Fez parte do time que ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo no Estadão pelo caderno "Zap!" e foi colaboradora de diversas revistas nacionais. Produziu programas para o Frontline World (TV PBS) e tem trabalhado em produções internacionais, como “Rip: A Remix Manifesto” e “Witness” (série da HBO). Em 2007, Daniela ganhou a disputada bolsa da Fundação Guggenheim de Nova York para se dedicar ao projeto “Marcelo Yuka no Caminho das Setas”. Daniela também assinou roteiro, produção e direção de “Meu Brasil” e “A Voz da Ponta”.

Ficha técnica:

Ano: 2011
Gênero: Documentário
Duração: 95 minutos
Formato: Digital
Janela: 16:9
Áudio: 2.0 e 5.1
Direção e Roteiro: Daniela Broitman
Produção Executiva: Daniela Broitman e Julio Augusto Zucca
Assistente de Direção: Julia Kurc
Direção de Fotografia: Reynaldo Zangrandi
Som direto: Bruno Espírito Santo, José Moreau Louzeiro, Júlio Mauro
Montagem: Jordana Berg
Edição de Som e Mixagem: Denilson Campos
Música Original: Berna Ceppas
Finalização: Tiago Arakilian / Titânio Produções
Assessoria Jurídica: Marcelo Goyanes
Produção: VideoForum Filmes
Produtora associada: Zucca Produções
Distribuição: Tucumán Filmes

Fonte: Da redação