Haroldo Lima encaminha à CNV dados sobre morte de Anísio Teixeira

A morte do educador baiano Anísio Teixeira (1900-1971), que aconteceu no Rio de Janeiro, durante a Ditadura Militar (1964-1985), será tema de uma audiência promovida pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) e pela Comissão da Verdade da Universidade de Brasília (UnB), nesta terça-feira (6/11), na capital federal. No encontro, será entregue às comissões um documento que traz fatos relacionados à morte de Anísio, redigido pelo ex-deputado do PCdoB Haroldo Lima.

O documento, que contém 11 páginas, foi elaborado em parceria com os filhos do educador, Antônio e Babi Teixeira; o genro, Celso Gama; e o autor do livro “Anísio em Movimento”, João Augusto Rocha. Além da entrega, Haroldo Lima ainda fará um discurso durante o encontro, onde defende a associação da morte de Anísio com a de perseguidos políticos do período, como Rubens Paiva e Stuart Angel.

Anísio Teixeira, que havia projetado a UnB com Darcy Ribeiro, nos anos de 1960, foi cassado pela Ditadura em 1968, quatro anos após assumir a reitoria da recém inaugurada universidade. A morte do baiano aconteceu em 1971 e as causas ainda são desconhecidas. O corpo foi encontrado no fosso do prédio de Aurélio Buarque de Holanda e a versão oficial é de que foi um acidente.

“O meu discurso faz apreciações políticas do contexto do Rio em 68 e 71, que era diferente do resto do Brasil. Lá, gestou-se um plano terrorismo de altíssima periculosidade. Não terminou sendo posto em prática, mas terminou com a morte de Rubens Paiva e do Stuart Angel. Eu não afirmo categoricamente, mas levo uma hipótese de que a morte de Anísio esteja relacionada a isso”, afirmou Haroldo.

O ex-deputado adiantou ao Vermelho que, no documento elaborado, consta que, quando foi preso, Anísio foi levado à Aeronáutica e era lá que estava o Brigadeiro João Paulo Burnier, acusado das mortes de Paiva e Angel. “Levantamos os acontecimentos e produzimos um material objetivo, que não faz deduções, apenas mostra os fatos”, conclui Haroldo.

O encontro também pretende discutir os impactos da Ditadura na educação no país porque há uma estimativa que, pelo menos, 300 pessoas morreram ou desapareceram durante o regime, além dos que foram monitorados e perseguidos. Mais de 80 reitores de todo o Brasil estão contribuindo com as investigações.

De Salvador,
Erikson Walla