Diálogo de paz entre Farc e governo colombiano entra em recesso

Nesta sexta-feira (30), os diálogos de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP) entram em um recesso de cinco dias, depois das partes reconhecerem avanços no processo.

Segundo acordaram as delegações da guerrilha e do gabinete de Juan Manuel Santos, a mesa de diálogo será retomada no dia 5 de dezembro. Em um comunicado conjunto divulgado na última quinta-feira (29) durante a nona jornada das conversas, o governo e as Farc-EP adiantaram que continuarão concentrados no tema da terra, primeiro ponto da agenda do Acordo Geral para a terminação do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura.

Dito documento foi o resultado de um encontro exploratório realizado também em Havana, texto que além da questão do desenvolvimento agrário integral inclui a participação política, o fim do conflito armado, a solução ao problema do narcotráfico, a atenção às vítimas e os mecanismos de implementação e verificação do acordado na mesa.

O recesso de cinco dias permitirá às partes realizar consultas e análises internas sobre o que foi abordado até agora no processo, que tem Cuba e Noruega como garantes, e a Venezuela e o Chile como acompanhadores.

Pela primeira vez desde o início das conversas no Palácio de Convenções, os enviados do Governo e das forças insurgentes fizeram declarações públicas em um mesmo dia.

Durante as primeiras 11 jornadas, nove de trabalho e duas de recesso, só as Farc-EP tinham emitido comentários e declarações, aproveitando a presença de dezenas de jornalistas cubanos e estrangeiros cada manhã na sede das conversas.

Na quinta-feira (29), o chefe da delegação governamental, o ex-vice-presidente Humberto de la Calle, leu um comunicado onde mencionou avanços na mesa de diálogo.

De la Calle destacou a criação de mecanismos para facilitar a participação da sociedade colombiana na busca da paz, e destacou o compromisso do governo de trabalhar para chegar ao fim do conflito.

Queremos resultados e compromissos concretos em função dos dois grandes objetivos que temos por diante, o fim do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura, sublinhou na primeira intervenção pública da delegação do executivo.

Por sua vez, a equipe das Farc-EP ofereceu duas horas e meia depois uma coletiva de imprensa no Palácio de Convenções, onde o chefe do grupo, Iván Márquez, destacou o entendimento na mesa e o fato de terem sido dados os primeiros passos para a construção da paz.

A guerrilha expressou também otimismo e vontade para que as conversas fossem bem sucedidas, e enfatizou a importância de estabelecer um cessar fogo bilateral, ao que se opõe o Governo, sob o argumento de que esse cenário não está na agenda da aproximação.

"Seria ideal um cessar fogo bilateral, Se não for possível, gostaríamos de explorar com o Governo a possibilidade de um tratado de regulamentação da guerra que possa atenuar o sofrimento causado pela mesma", apontou Márquez.

As partes expressaram sua gratidão aos países garantes do processo (Cuba e Noruega), bem como aos acompanhantes (Venezuela e Chile).

Além disso, anunciaram a publicação no próximo dia 7 de dezembro de uma página de internet sobre a mesa de diálogo, na qual estarão disponíveis comunicados conjuntos dos interlocutores e que facilitará a participação popular nas conversas.

Tanto as Farc-EP como o Governo têm manifestado seu desejo de receber na mesa critérios e propostas dos diferentes atores da sociedade colombiana, em aras de enriquecer o diálogo cujo objetivo é pôr fim a décadas de um sangrento conflito.

Fonte: Prensa Latina