Brasília homenageia Niemeyer, arquiteto vermelho
A pedido da presidenta Dilma, Oscar Niemeyer será velado no Palácio do Planalto.
Publicado 06/12/2012 08:04 | Editado 04/03/2020 16:40

Os brasilienses se despedirão de Oscar Niemeyer em uma das obras primas do artista: o Palácio do Planalto. Em telefonema na noite de ontem, a presidente Dilma Rousseff ofereceu as instalações do prédio que ele desenhou para realizar o velório, e a família aceitou. O corpo chega hoje, por volta do meio-dia, à Base Aérea de Brasília, onde será recepcionado pelos pioneiros da cidade, pelo Corpo de Bombeiros e por integrantes Clube do Choro.
No fim da tarde, o corpo volta à capital fluminense, onde será enterrado na manhã de sexta, no Cemitério São João Batista. “Ele era um carioca da gema”, justificou o sobrinho Paulo Niemeyer, na porta do Hospital Samaritano, Zona Sul do Rio, onde o arquiteto morreu.
O velório de Oscar Niemeyer será o terceiro realizado na história Palácio do Planalto. O primeiro foi o do ex-presidente Tancredo Neves, em 1985. Naquela ocasião, foi permitido ao público, pela primeira vez, subir a rampa do Planalto, autorizado somente a chefes de Estado. A segunda solenidade foi o funeral do ex-vice-presidente José Alencar, em março de 2011, quando passaram pelo Salão Nobre cerca de 10 mil pessoas para se despedir. Entre elas, autoridades como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O jornalista Silvestre Gorgulho, amigo do arquiteto, ajudou na intermediação entre autoridades e a família para a vinda de Niemeyer à capital federal. Segundo Gorgulho, há a expectativa de que os pioneiros da cidade, os clubes do Choro e de Repente da cidade acompanhem a passagem do corpo do arquiteto por Brasília. Para Gorgulho, as lágrimas, agora, não devem ser de dor, mas de reverência. “É importante que Brasília, que sempre homenageou os campeões, homenageie o maior de todos: Oscar Niemeyer”, disse. “É hora de bater palmas, de comemorar. Não é hora de tristeza, até porque existem vários projetos deixados por Niemeyer a serem construídos”, complementou. Entre esses projetos, está a Praça do Povo, o Museu dos Presidentes e a nova guarita do Palácio do Planalto.
O corpo de Niemeyer deixará a cidade que ele idealizou, pela última vez, no fim da tarde de hoje, quando voltará para o Rio de Janeiro. Reforma
Projetado por Niemeyer e inaugurado com a nova capital, em 21 de abril de 1960, o Palácio do Planalto foi o centro das comemorações. No mesmo dia, também foi inaugurada a guarita, que ficava ao lado da entrada do estacionamento externo do edifício, demolida em 2001, a pedido do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República por não se adequar às especificações de segurança. Entre os problemas, estava a falta de espaço e de banheiros para os seguranças. A previsão do Planalto é de licitar a construção do novo espaço, também desenhado por Niemeyer, até o fim do ano. O projeto executivo custou R$ 58 mil e a expectativa de orçamento da obra é de R$ 50 mil. A obra deve ser concluída em março de 2013.
Cortejo
O corpo de Oscar Niemeyer deixa o Rio de Janeiro às 10h em direção a Brasília.
Por volta do meio-dia, chega à Base Aérea, onde será recepcionado pelo Corpo de Bombeiros e pioneiros da cidade. Músicos do Clube do Choro seguirão o cortejo fúnebre.
Os restos mortais do arquiteto serão levados, em carro aberto do Corpo de Bombeiros, para o Planalto, passando pelo Eixão e pela Esplanada dos Ministérios.
No fim da tarde, haverá o traslado do corpo de Niemeyer de volta para o Rio de Janeiro.