Com página na internet, diálogos de paz têm participação popular

Os mecanismos para a participação cidadã nos diálogos de paz marcaram as primeiras jornadas da retomada em Havana, Cuba, das conversações entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc – EP).

Depois de um recesso de cinco dias – entre 30 de novembro e 4 de dezembro – as partes voltaram na última quarta-feira (5) ao Palácio das Convenções de Havana para continuar as discussões sobre uma agenda de seis pontos, com o tema agrário como prioridade das conversações.

Desde então, o mais relevante foi a abertura de uma página na internet destinada a facilitar as contribuições da sociedade colombiana à busca do fim do conflito armado que dura cinco décadas, assim como a convocação do governo e da guerrilha aos cidadãos a participar de maneira ativa no processo de diálogo.

Já está em funcionamento o sítio https://www.mesadeconversaciones.com.co, que já conta com cerca de 2.800 propostas da população.

Para os que não possam acessar o portal, foi ativado um mecanismo de participação física, através de um formulário e de um trâmite por meio das prefeituras, governos e dos correios.

Essas iniciativas da mesa de diálogo, que tem Cuba e a Noruega como países garantidores serão complementadas com um fórum sobre o desenvolvimento agrário integral, previsto para os dias 17 a 19 deste mês em Bogotá.

Segundo um acordo das partes, desse encontro sairão critérios e propostas que a mesa de conversações espera receber em 8 de janeiro, com o apoio das Nações Unidas na Colômbia e da Universidade Nacional.

"Para o governo é fundamental a participação das pessoas e por isso se recorre a distintos métodos para que as pessoas possam expressar-se", assinalou o ex-vice-presidente da República Humberto de la Calle pouco antes de viajar a Cuba para retomar a aproximação com as Farc – EP.

O próprio De la Calle, chefe da equipe governamental na mesa de diálogo, qualificou de inédita a página de internet que foi ativada.

Esta página permitirá que todos os colombianos, sem distinção, tenham acesso ás conversações, opinou em uma gravação divulgada em Havana.

Por sua parte, o chefe da delegação guerrilheira nas conversações, Iván Márquez, afirmou em entrevista exclusiva à Prensa Latina que as esperanças de paz estão depositadas na participação dos colombianos no processo.

"É fundamental, e a isso não se pode colocar restrições; a paz será uma construção coletiva. De todas as partes do país nos chegam mensagens todos os dias, com opiniões e iniciativas para que esta oportunidade de paz não escape como a água entre as mãos", sublinhou.

Na última quarta-feira, no reinício dos diálogos, o guerrilheiro Marcos León leu no momento de sua chegada ao Palácio das Convenções um comunicado em que faz um chamado ao apoio popular à mesa de diálogo.

As primeiras jornadas de conversações ratificaram o esquema observado desde o dia 19 de novembro, quando o diálogo teve início: as Farc – EP aproveitam a presença de jornalistas na sede permanente do diálogo, enquanto que a representação governamental não faz declarações ou comentários.

A esse respeito, delegados da insurgência descartam que esta maneira de proceder seja uma tentativa de impor uma agenda paralela à acordada, a qual inclui a discrição em torno do que foi discutido na mesa de diálogo, que as partes têm cumprido.

A aproximação para buscar a paz tem ademais o tema da terra e outros de grande interesse na Colômbia, como a participação política, o fim em si do conflito armado, o problema do narcotráfico, a atenção às vítimas e um mecanismo de implementação e verificação dos acordos.

Neste domingo, depois de um recesso de 24 horas, as conversações prosseguem.

Segundo foi acordado, os interlocutores manterão o programa de três dias de trabalho e um de recesso, que é utilizado para consultas e análise interna sobre o andamento do processo.

Prensa Latina; tradução da redação do Vermelho