Ibraf: volume das exportações de frutas aumenta em 2012

A valorização do dólar frente ao real é um alento, mas está longe de resolver os problemas dos exportadores brasileiros de frutas frescas. Dependente da combalida economia europeia, o setor vê com ceticismo a primeira recuperação dos embarques nacionais de frutas desde a eclosão da crise econômica global, em 2008.

A questão é que o avanço das exportações neste ano só acontece por um trégua do clima. No horizonte do segmento, não há uma recuperação efetiva da demanda.

Entre janeiro e outubro deste ano, as exportações brasileiras de frutas frescas somaram 540,7 mil toneladas, incremento de 2,08% sobre 477,2 mil toneladas embarcadas no mesmo intervalo de do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf).

O avanço é resultado direto da recuperação das exportações de melão e maçã. Em 2011, essas duas frutas sofreram com adversidades climáticas. Enquanto as fortes chuvas praticamente inviabilizaram a colheita de melão no Rio Grande do Norte entre janeiro e março do ano passado, os pomares de maçã sofreram com o granizo em Santa Catarina.

Sem problemas climáticos neste ano, as duas frutas se recuperaram. Entre janeiro e outubro, as exportações de melão saltaram 17,6% sobre o mesmo intervalo de 2011, para 119,6 mil toneladas. Já os embarques de maçã aumentaram 48,3%, para 72,1 mil toneladas.

Mesmo assim, as duas frutas não conseguiram compensar toda a queda das exportações de outros produtos, que sofreram mais uma vez com a demanda reprimida na União Europeia, mercado responsável por 80% das frutas exportadas pelo Brasil. Juntos, melão e maçã acrescentaram 41,4 mil toneladas no acumulado do ano até outubro em relação ao mesmo período de 2011. Mas o avanço total dos embarques de frutas frescas foi de apenas 11 mil toneladas.

Mais uma vez, a uva foi uma das frutas que derrubaram as vendas externas. Com custos de produção elevados, as exportações da fruta produzida nas áreas irrigadas no Vale do Ribeira caíram 18,23%, para 98,3 mil toneladas.

"A demanda continua restrita mesmo com o dólar valorizado", lamenta o gerente do Ibraf, Cloves Ribeiro. Na opinião do dirigente, mesmo que os embarques cresçam neste ano, ele se dará às custas da rentabilidade dos fruticultores. "Os europeus não conseguem pagar a fruta brasileira pelo preço que ela vale", afirma ele.

Com as cotações das frutas pressionadas, a receita com as exportações brasileiras nos primeiros dez meses deste ano recuou 3,75%, para US$ 477 milhões. No mesmo período do ano passado, os embarques renderam US$ 495,9 milhões.

A queda na receita das exportações reduziu o saldo na balança comercial de frutas, uma vez que o Brasil pagou mais pelas frutas importadas nos primeiros dez meses deste ano. No período, o país gastou US$ 448,7 milhões, alta de 4,94% sobre o mesmo intervalo do ano passado.

Com isso, o superávit da balança do segmento caiu para US$ 28,5 milhões, ante os US$ 68,3 milhões do mesmo intervalo de 2011. Ao contrário do que ocorreu nas exportações, o volume importado no acumulado do ano até outubro caiu 2,48%, para 383,8 mil toneladas. Ou seja, as importações ficaram mais caras em 2012.

O gerente do Ibraf lembra, ainda, que os primeiros prognósticos para 2013 também não são positivos. "Os problemas climáticos não afetaram o volume exportado este ano, mas para 2013 já consideramos alguns problemas na região Nordeste por causa da seca", diz. Na área negativa, Ribeiro inclui o Espírito Santo, onde a safra de mamão sofre um ataque de pragas.

Fonte: Valor Econômico