Jornais do Ceará voltarão à mesa de negociação salarial

Quase três meses depois de suspenderem as negociações da Campanha Salarial de Impresso 2012/2013, patrões e empregados voltam a reunir-se na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) na próxima segunda-feira (14), às 14h30.

Na tentativa de chegar a um acordo desde o dia 23 de julho do ano passado, a comissão de negociação salarial do Sindjorce espera que o presidente do sindicato patronal, Mauro Sales, apresente uma proposta de reajuste decente que possa ser submetida à deliberação da categoria para o fechamento da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos jornalistas com data-base em 1º de setembro de 2012.

"O Salário Mínimo teve reajuste de 9% neste começo de ano e a maior parte das categorias profissionais com data-base no segundo semestre de 2012 obteve ganho real superior a 2%. Continuamos esperando das empresas uma contraproposta justa, já que os argumentos apresentados para negar todas as reivindicações dos jornalistas são absolutamente ridículos", afirma a presidente em exercício do Sindjorce, Samira de Castro.

Por duas vezes num intervalo de 46 dias, o diretor Administrativo Financeiro do jornal O Povo, André Azevedo, comprometeu-se com a diretoria do Sindjorce a falar com Mauro Sales para que as negociações salariais cheguem a bom termo. "Na última segunda-feira (07), André voltou a garantir que iria entrar em contato com Mauro Sales e se reunir com a diretoria do Diário do Nordeste para retomar as negociações", conta o diretor executivo do Sindjorce Evilázio Bezerra.

Categoria pressiona patrões

A pressão da categoria junto aos patrões para o fechamento da CCT é grande. Cinco dias antes do Natal, 52 jornalistas de O Povo entregaram à chefia da Redação um abaixo assinado cobrando da empresa a apresentação de um índice próximo à proposta do Sindjorce, que reivindica reajuste linear de 11%, entre outras reivindicações como vale refeição, licença maternidade de seis meses, pagamento imediato de horas extras e condições de trabalho.

Um mês antes, no dia 20 de novembro, a redação do jornal O Estado parou para exigir a retomada das negociações. No dia 16 de outubro foi a vez dos jornalistas do Diário do Nordeste protestarem contra o aumento ridículo oferecido pelo patronato com o "kit reajuste do patrão". Contendo um refrigerante "espoca bucho", um pacote de "chilito" e um apito, o kit simbolizou o "poder de compra" do aumento oferecido pelos jornais: R$ 3,16 por dia.

"Já está mais do que claro que os jornalistas não aceitaram o índice de reajuste oferecido pelos jornais. Portanto, vamos para a oitava rodada de negociação na expectativa de ouvir uma proposta persuasiva dos patrões para que cheguemos a bom termo", afirma Samira de Castro. Os jornais oferecem 6% para salários e 6,39% para pisos, o que significa um ganho real (acima da inflação) de apenas 0,95%.

Todos os direitos assegurados em CCT anterior

As negociações da Campanha Salarial de Impresso se arrastam há mais de cinco meses, mas os jornalistas não precisam se preocupar, pois o Tribunal Superior do Trabalho (TST) alterou, em setembro do ano passado, a súmula 277, que trata dos acordos coletivos. A alteração garantiu aos trabalhadores a chamada ultratividade, que é quando as normas fixadas em acordos e convenções coletivas anteriores se incorporam ao contratos individuais de trabalho, projetando-se no tempo.

"Com a modificação, as conquistas arrancadas em convenções coletivas ou acordos passam a vigorar até que novo termo seja negociado", explica Samira. Em outras palavras, direitos como auxílio-creche, adicionais, diária de viagem, hora-extra, gratificação de chefia, todos contidos na CCT 2011/2012 dos jornalistas de impresso, continuam valendo até o fechamento de uma nova convenção.

Jornais têm faturamento recorde

Enquanto os jornalistas do Ceará passaram o Natal e Réveillon sem reajuste salarial, os veículos impresso do Norte e Nordeste alcançaram recordes de faturamento. Segundo dados do projeto Inter-Meios, os jornais regionais faturaram a bagatela de R$ 285,9 milhões em venda de anúncios publicitários, no intervalo de janeiro a outubro de 2012. O montante representa um incremento de 14,79% em relação a igual período de 2011. Vale destacar que foi o maior percentual de crescimento em faturamento publicitário do Brasil. A média nacional alcançou 0,99% de incremento.

Fonte: Sindjorce