Síria: Comissão de Reconciliação Nacional dialoga por soluções
“A solução mais sensata para resolver o atual conflito na Síria é sentarmo-nos todos à mesa de diálogo e dirimir ali as nossas diferenças,” disse Ali Haidar, ministro de Estado para a Reconciliação Nacional da Síria, em entrevista à Prensa Latina, publicada nesta segunda-feira (04).
Publicado 04/03/2013 10:30
A seu ver, a importância geopolítica, a existência de importantes jazidas de petróleo e gás, assim como as posturas de resistência de Damasco serviram de pretexto para que os Estados Unidos e a Europa acentuassem o conflito, a partir de ambições imperiais.
“Para isso, promoveram figuras políticas no exterior como supostos líderes de uma oposição que não existe, já que a verdadeira se encontra dentro do país e sobre a qual já quase ninguém fala,” continuou Haidar.
O ministro assegurou também que “muitos dirigentes desta mal chamada oposição nem sequer conhecem o país, pois alguns estão já há mais de 30 anos fora.”
Haidar explicou que ele próprio é um membro das fileiras opositoras que neste momento participa no Governo, “o que desmente a campanha sobre a suposta impossibilidade de reconciliação entre uma e outra parte,” sublinhou.
“Pediram-me para conduzir o Ministério [de reconciliação] e aceitei, pois acreditamos que as mudanças devem vir mediante o diálogo, não pela violência”, ressaltou Haidar, e recordou que líderes opositores foram assassinados pelos grupos armados que buscam derrubar o governo e impor um Estado islâmico.
Da mesma forma, desmentiu que o conflito sírio tenha um caráter confessional, “como refletem muitos meios de comunicação, que querem mostra-lo como um assunto sectário.”
Em Alepo cerca de 1,5 milhões de cidadãos (sobretudo sunitas) foram deslocados pela violência dos paramilitares. Os deslocados dirigiram-se para a zona costeira, onde o principal componente são os alauítas, e ali foram acolhidos sem problemas, de acordo com Haidar.
Em outra parte da conversa, o ministro denunciou o que considerou “uma campanha midiática hostil que, de maneira coordenada, pretende destruir nossa nação, ao invés de buscar consenso para cessar a guerra.”
E adicionou: “causa surpresa como em ocasiões a mídia destorce os fatos e dão uma mensagem totalmente oposta aos acontecimentos reais.”
Em sua opinião, “o Ocidente deseja estender o quanto puder a confrontação, com o fim de destruir a infraestrutura nacional, uma aposta fracassada desde início, pois contamos com um Exército coerente, um Estado forte e instituições que funcionam de maneira ordenada, o que tem impedido o colapso econômico vaticinado,” sublinhou.
Ao referir-se ao processo de reconciliação proposto pelo Programa Político do governo, assinalou que “estendeu-se a mão a todos aqueles que queiram superar a crise, motivo pelo qual se criou uma Comissão ministerial encarregada de concretizar o diálogo político.”
Haidar, em sua condição de ministro de Reconciliação Nacional, integra tal comissão, presidida pelo primeiro-ministro Wael al-Halaki.
“Na mesa de diálogos todos somos iguais e analisamos qualquer ideia sem pressões nem privilégios, como na legendária mesa redonda. O que for acordado na mesa será submetido a um referendo para a provação, para que seja o povo a dar-lhe um caráter legal,” destacou.
O ministro mostrou-se igualmente preocupado pelos quase 2,5 milhões de deslocados a outras cidades ou em refúgios de caráter temporário, o que descreveu como uma das muitas tragédias de que padece o povo sírio, somada aos ataques, sabotagens, carros bomba e o rastro de morte e destruição que os mercenários deixaram.
“Não podemos acreditar que depois de tanto sangue derramado não haja solução; ao contrário, é imperativo encontrar uma solução, porque em uma guerra civil ninguém triunfa, e por isso o mais saudável é sentarmo-nos todos para dialogar. Este é o nosso projeto,” asseverou.
Fonte: Prensa Latina
Tradução da Redação do Vermelho