Diretoria de mulheres da UNE repudia machismo da USP São Carlos
Ás vésperas de mais um 8 de março, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, estudantes da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, interior paulista, protagonizaram um episódio lamentável de machismo.
Publicado 05/03/2013 16:43
Durante um trote organizado por veteranos da instituição, no último dia 26 de fevereiro, um grupo de estudantes feministas foi atacado e hostilizado ao protestar de forma pacífica contra o “Miss Bixete”, espécie de concurso de beleza a que as calouras são submetidas. Alguns alunos chegaram a ficar pelados e a fazer gestos obscenos. Folhetos que incentivavam à agressão a mulher também foram distribuídos.
Segundo as manifestantes, membros da Frente Feminista de São Carlos, as calouras são constantemente expostas e humilhadas. Durante o concurso, as garotas são incentivadas a desfilar mostrando partes do corpo.
Apesar de ocorrer dentro da sede do Centro Acadêmico Armando de Salles Oliveira (CAASO) o evento é organizado por um grupo autônomo de alunos que se autodenomina GAP (Grupo de Apoio à Putaria), que realiza festas e outros eventos estudantis.
Para a UNE, a democratização da universidade também passa por garantir igualdade de condições e o combate às opressões. A luta por direitos iguais para mulheres, negros e homossexuais representa reforçar a luta pela emancipação da humanidade, rumo a uma sociedade mais justa e fraterna pra todos e todas.
Leia abaixo nota da entidade sobre o ocorrido:
Nota da UNE em repúdio ao trote realizado na USP – São Carlos
Na tarde da última terça-feira, 26 de Fevereiro, veteranos da USP – São Carlos do GAP (Grupo de Apoio a Putaria) protagonizaram episódios de violência contra estudantes na recepção de calouros e calouras. O primeiro episódio se deu através da organização de um trote no qual estudantes mulheres eram submetidas a uma competição, chamada Miss Bixete. Para ser vitoriosa, a estudante deveria se submeter cenas de constrangimento que variavam entre tirar a blusa até a simulação de atos sexuais. O segundo episódio foi a agressão, também por parte dos veteranos, feita às estudantes da Frente Feminista de São Carlos que ao realizarem sua manifestação receberam xingamentos, gestos obscenos e meninos ficaram pelados para hostiliza-las.
A União Nacional dos Estudantes luta para combater o machismo na sociedade. E acredita que o papel da Universidade nessa luta é de não reproduzir os valores opressores da sociedade e, também, de combatê-los.
Repudiamos o trote machista construído pelos veteranos que serve para humilhar e tratar as mulheres como objeto e mercadoria. Repudiamos, também, a agressão feita pelos veteranos às estudantes que se manifestavam. Repudiamos o fato que as mulheres ao protestarem contra o machismo sejam vítimas de mais machismo!
A entidade não somente se solidariza as estudantes, mas, também exige as devidas atitudes dos órgãos universitários e públicos competentes a serem tomadas contra os responsáveis pelas agressões.
A União Nacional dos Estudantes realiza campanhas periódicas contra os trotes machistas e defende que a recepção de calouros deva promover a integração entre os estudantes de forma saudável e respeitosa.
A universidade hoje tem 50% de mulheres em seu corpo discente mais ainda tem o grande desafio de torna-la um espaço realmente das mulheres e para as mulheres!
Contra esses lastimáveis acontecimentos, respondemos: Somos Todas Feministas!
União Nacional dos Estudantes – Diretoria de Mulheres da UNE