Correa convoca parlamentares do mundo contra neocolonialismo 

Ao inaugurar a 128º Assembleia da União Interparlamentar Mundial (UIP) em Quito, capital do Equador, nesta sexta-feira (22), o presidente equatoriano Rafael Correa denunciou o bloqueio econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos, condenado em 21 ocasiões pela ONU. 

Rafael Correa - Miguel Ángel Romero/Presidencia de la República

Em um discurso interrompido por ovações de cerca de 1500 parlamentares de 121 nações, Correa disse que, lamentavelmente, históricas instancias de direitos humanos converteram-se em instrumentos políticos de perseguição a governos progressistas.

Precisamente, remarcou, “em Washington esta sexta discutiram-se reformas na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que está totalmente dominada por países hegemónicos e pelo ‘oenegeismo’ (de ONG) mais infantil”.

“Estão dominados pelo capital, por trás dos negócios dedicados à comunicação”, disse Correa, “a CIDH converteu-se em um eco da imprensa mercantilista da pior espécie”.

“A primeira pergunta que deveríamos fazer é por que temos que discutir em Washington”, continuou. “Como se pode sustentar a irracionalidade de que a sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) seja no país que impõe [já há 50 anos] um bloqueio criminoso contra Cuba, que descumpre abertamente a Carta fundacional da OEA?”, perguntou o presidente.

Correa lembrou que o bloqueio tem sido condenado todos os anos, desde 1992, por quase todos os países membros da ONU; a última vez, em 2012, a condena teve o respaldo de 188 entre 193 países membros.

“Estas coisas precisam ser ditas (…). Já chega de olhar para o outro lado, de ficar calado pelo fórum ante essas barbaridades”, exclamou Correa em meio a outra ovação.

“O bloqueio a Cuba constitui, sem dúvidas, o maior atropelo ao direito internacional, ao direito interamericano e aos direitos humanos no nosso continente, mas nem sequer aparece nos informes anuais da CIDH”, afirmou Correa.

Enquanto aplicar a lei e levar a julgamento “um jornalista sacana pretendem considerar um atentado aos direitos humanos, não se diz nada sobre o bloqueio a Cuba ou sobre as torturas na base naval dos Estados Unidos em Guantânamo”, destacou o presidente.

Correa afirmou que o seu país não aceitará mais esse “descarado neocolonialismo; não podemos coonestar esta classe de situações”. Também deveria se perguntar, segundo Correa, para que serve a OEA “se nem sequer se pronuncia sobre problemas tão cruciais como o das Ilhas Malvinas, tomadas à força da Argentina no século 19 [pelo Reino Unido].”

“Os países que mais falam sobre direitos humanos são os que menos assinaram os tratados internacionais sobre este tema,” continuou o presidente, que também questinou como é possível que a CIDH “se financie quase totalmente por países que não a reconhecem, observadores que não são parte da América e pagam para controlá-la.”

O presidente afirmou ainda que “a ordem mundial não só é injusta, é imoral, e quer sustentar as posições mais aberrantes em benefício do capital, sobretudo do financeiro”.

Correa classificou este como o principal desafio da humanidade no século 21: “o capital ou o ser humano, e os parlamentares do planeta podem legislar para que finalmente a justiça não seja apenas a conveniência do mais forte”.

Com Prensa Latina