Ángel Cabrera: Valiosa experiência revolucionária venezuelana
O bairro 23 de janeiro é um sólido baluarte da Revolução Bolivariana. Originalmente chamado de 2 de dezembro para evocar a data do golpe que levou ao poder o ditador Marcos Pérez Jiménez, seus humildes moradores decidiram em 1958 rebatizá-lo com outra data: a da derrocada do ditador. Antes, ocuparam revolucionariamente milhares de apartamentos vazios construídos ali pela ditadura.
Publicado 05/04/2013 16:47
O bairro, habitado por milhares de trabalhadores, Esteve na primeira linha dos combates populares de seu tempo: o enfrentamento à ditadura, a luta armada nos anos 1960 e 1970, o Caracazo (1989), a derrota do golpe de Estado contra o presidente Hugo Chávez (2002) e o apoio mais resoluto ao seu governo. Situado na zona oeste de Caracas, fica perto do Palácio de Miraflores. Dentro de seu território, no Quartel da Montanha, repousam os restos mortais do comandante presidente. Ali o visitante é recebido pelos hospitaleiros e fervorosos soldados da Força Armada Nacional Bolivariana e seus irmãos milicianos do bairro; fazem a guarda juntos.
Vou ao 23 de janeiro com Rosalinda Chanagá, chavista de carteirinha e ativista da solidariedade com Cuba. Ela me apresenta a Juan Contreras, reconhecido líder popular e suplente de deputado à Assembleia Nacional pelo Partido Socialista Unido da Venezuela. Juan viveu no bairro toda a vida e junto a outros companheiros fundou a Coordenadora Simón Bolívar (CSB), cujas origens remontam a 1989.
Desde então, impulsionou o fortalecimento do poder local, “baseado na autogestão e cogestão pela comunidade dos recursos humanos e materiais e no protagonismo histórico do povo como sujeito social”.
Como todos os jovens da localidade, aos 13 anos Juan começou a sofrer a repressão da polícia e outros corpos armados da Quarta República (1958 -1999). A casa de sua mãe foi invadida 44 vezes. Naquela época, era delito ser jovem, afirma. Os rapazes respondiam aos esbirros com pedradas e garrafadas; depois, já como militantes de organizações guerrilheiras, com outros projéteis mais efetivos.
A luta armada revolucionária é um dos antecedentes importantes da Revolução Bolivariana. A ela se somaram muitos dos melhores filhos da Venezuela nas décadas de 1960 e 1970. Dela surgiram muitos quadros dos partidos de esquerda que depois engrossaram as fileiras do chavismo. Nela participaram diretamente ou a apoiaram membros das instituições castrenses; o “portenhazo” e o “carupanazo” são sublevações memoráveis. Veteranos guerrilheiros tiveram que combater no levantamento do tenente-coronel Hugo Chávez em 4 de fevereiro de 1992. Um deles era Juan, que junto a outros companheiros do 23 de janeiro, não chegou a receber sua arma. Mas, participaram na rebelião de 27 de novembro desse ano.
Os membros da CSB foram perseguidos, presos e torturados até a chegada de Chávez presidência. Outros moradores morreram pelas balas das forças repressivas antes de 1999, mas também da contrarrevolução antichavista. Com o chavismo, a organização, nascida da luta social no bairro e a solidariedade com Cuba e outros povos do mundo viveu o esplendor. Suas instalações ocupam o que foi o quartel da polícia. Onde antes os moradores eram espancados e torturados hoje funciona a rádio comunitária Al Son do 23, o Clube dos Avós “Freddy Parra”, um centro de informática onde recebem formação digital gratuita os alunos das escolas do bairro, a Livraria do Sul, o Café Venezuela com excelentes produtos a preços módicos, a mercearia “Carlos Vielma” da rede subvencionada do Estado, um clube de xadrez e um consultório veterinário. A CSB gera atividades culturais, desportivas e recreativas que recuperam espaços públicos ocupados pela delinquência e se estende a outros bastiões revolucionários no país com um plano estratégico “estreitamente ligado ao projeto político de Hugo Chávez”.
Juan assegura que na eleição presidencial de 14 de abril Nicolás Maduro pode superar a alta votação obtida pelo chavismo em 7 de outubro passado . “Este povo agora é outro e já ninguém poderá deter sua luta. Hugo Chávez impulsionou uma transformação de sua consciência social que não tem precedente em mossa história”.
Cubadebate