Governo colombiano espera iniciar diálogo de paz com ELN

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, assegurou na segunda-feira (8) que espera iniciar “antes tarde do que nunca” um diálogo de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), a segunda guerrilha do país.

Juan Manuel Santos

Durante um discurso para a nação, o mandatário afirmou que já tomou a “difícil decisão” de abrir um processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), diálogos que se mantém em Cuba desde o fim do ano passado e espera “fazer o mesmo com o ELN, antes tarde do que nunca”. 

Santos, no entanto, não precisou se já há aproximação com esta guerrilha, nem abordou temas como o possível lugar de um eventual diálogo. Por sua vez, o ELN se mostrou interessado, em várias ocasiões, no diálogo. Esta intenção foi reforçada após o começo do processo de paz entre o governo e as Farc. 

O líder máximo do Exército de Libertação Nacional, Nicolás Rodríguez Bautista, também conhecido por "Gabino", destacou que há duas semanas que sua guerrilha está preparada para dialogar com o governo e recordou que sua delegação para uma eventual negociação está preparada desde outubro passado.

Gabino declarou que se o ELN abordar um processo de paz com o governo este seria com a intenção de participar na política através das urnas, ainda que para isto teriam que mudar “as regras do jogo”.

Diálogos de paz 

Sobre os diálogos com as Farc, Santos indicou que espera que o processo de paz garanta uma solução real para acabar com o derramamento de sangue no país.  As Farc e o governo dialogam desde novembro passado, em Havana, sobre uma saída negociada para o conflito armado interno que já dura há mais de meio século.  

As negociações de paz se centram nos cinco pontos acordados durante as conversas exploratórias: o problema agrário, a participação política, o fim do conflito, o narcotráfico e a situação das vítimas.

A respeito, o governante colombiano manifestou que com esta guerrilha há uma “agenda curta, mas ambiciosa” e assegurou que sua obrigação como presidente é fazer o possível para acabar com o conflito”.

Segundo Santos, o que seu governo pretende é “terminar esta guerra, não prolongá-la, para poder virar a página e começar a construção de uma pátria em paz”.

"Somos mais os que queremos paz"

Ao referir-se aos que chamou de “inimigos da paz”, sem citar nomes, Santos disse que “no lugar de envenenar o processo, ao invés de difundir mentiras – como a de que haverá paz com impunidade, pois nem sequer falou-se do tema – mantenham a prudência”. 

“Somos mais os que queremos paz”, defendeu, ao convidar a buscar a unidade e não a divisão. Reiterou que este é um processo para colocar um fim definitivo ao conflito e convocou os colombianos para participarem na marcha que ocorreu nesta terça-feira (9) em Bogotá para apoiar o processo de paz.

Ele afirmou que estes diálogos “o que se firma, se cumpre”. Disso se trata a agenda em Cuba: de fazer as bases para a construção de uma verdadeira paz” e disse ainda que se as conversas continuam com o ritmo atual “o trabalho se concluirá em meses”.

Pediu deixar as delegações negociadoras trabalharem “sem tanta especulação. Se for mantido o ritmo das últimas semanas é perfeitamente possível concluir o trabalho em meses”. E reafirmou que qualquer acordo que resulte terá que ser referendado “é dizer, aprovado pelo povo colombiano”.

O ELN, que tem cerca de 2.500 combatentes, é a segunda guerrilha da Colômbia após as Farc, que segundo fontes oficiais é composta por cerca de 8.500 pessoas.

Fonte: TeleSur
Tradução da Redação do Vermelho