Ministro sionista desacredita em solução de Estado da Palestina

O ministro da Economia e do Comércio do novo governo israelense, nacionalista-ortodoxo e direitista Naftali Bennett disse não acreditar que a “escolha pelo estabelecimento de um Estado da Palestina dentro das fronteiras de 1967” possa ser bem-sucedida “porque resultará em Estado hostil”. Bennett encontrou-se com o ministro de Relações Exteriores do Canadá John Baird, nesta terça-feira (9). 

Ministro de Israel Naftali Bennett - Haaretz

De acordo com a mídia israelense, Bennett disse que “seria muito melhor a paz com os palestinos em outra forma atípica”.

Bennett disse acreditar que é hora de recorrer a um plano B: “Isso deve começar com o povo, não com diplomacia ou líderes políticos”, como se estivesse propondo uma alternativa popular e eficiente ao conflito Israelo-Palestino arrastado sistematicamente pelos sucessivos governos sionistas, por mais de 60 anos.

O ministro disse também que Israel está considerando “dar aos palestinos abrangentes liberdades de movimento dentro de um novo programa, que o governo israelense pretende implementar”.

O partido de Bennett, Lar Judeu, é de uma linha nacionalista-ortodoxa que sempre deu apoio à construção de assentamentos israelenses em territórios palestinos. Este é um dos principais motivos pelos quais analistas políticos acreditam ser cada vez menos palpável a possibilidade de estabelecimento de um Estado da Palestina nos territórios pré-1967, ou seja, antes da Guerra dos Seis Dias, quando Israel expandiu consideravelmente a ocupação sobre territórios árabes.

O encontro entre Bennett e Baird foi descrito pelo escritório do ministro israelense como “bastante amigável”, e durou 45 minutos. A agenda incluiu as relações externas e questões securitárias.

O Canal 10 da televisão israelense afirmou que os comentários de Bennett são uma negação dos esforços anunciados pela administração estadunidense para a retomada das negociações de paz entre Israel e Palestina. O secretário de Estado dos EUA John Kerry, que acaba de voltar a Israel para tentar impulsionar os diálogos, tem na agenda a busca por uma “solução de dois Estados”.

Várias entidades políticas palestinas, movimentos civis e ativistas internacionais pela causa palestina já haviam manifestado descrédito quanto ao compromisso israelense (e também, estadunidense) com as negociações.

Se as práticas e políticas institucionalizadas de opressão diária contra o povo palestino já comprovavam a postura negativa do governo israelense, as declarações do ministro Bennett sugerem a existência de outro plano, dentro do governo, que não prevê o estabelecimento de um Estado palestino independente vizinho a Israel.

Enquanto o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas anunciou que tomará medidas para demonstrar o comprometimento palestino com a paz, o governo sionista, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu desde 2009 (e renovado em março deste ano com uma nova coalizão), continua demonstrando irredutibilidade quanto a qualquer concessão para as negociações com os palestinos.

O presidente Abbas já manifestou predisposição para as negociações, desde que Israel apresente um mapa das fronteiras que pretende reconhecer para a Palestina, por exemplo. Entretanto, o primeiro-ministro israelense rejeitou o pedido, de acordo com o jornal israelense Yedioth Ahronoth. Netanyahu disse que não pode desenhar um mapa "neste estágio", lembrando que o seu antecessor Ehud Olmert fez isso, mas que o passo "não levou a nada".

Organizações palestinas continuam denunciando o fato de os sucessivos governos israelenses não terem cumprido com diversos acordos internacionais e nem várias resoluções já emitidas pela ONU em reconhecimento do direito palestino à autodeterminação.

Com agências,
por Moara Crivelente, da redação do Vermelho