Israel: Governo exige que palestinos reconheçam "Estado judeu" 

O governo israelense recentemente reformulado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu (reeleito em janeiro) estipulou outra vez pré-condições impossíveis para a retomada das negociações Israelo-Palestinas, constantemente em impasse, segundo o jornal israelense Ma’ariv, em artigo desta terça-feira (9).

Benjamin Netanyahu

De acordo com o Ma’ariv, o governo israelense exigiu novamente que os palestinos reconheçam Israel como um Estado judeu em troca das reivindicações palestinas por um congelamento na construção ilegal de assentamentos israelenses na Cisjordânia.

“Isso é contrário ao que a ministra da Justiça Tzipi Livni disse” no dia anterior, de acordo com o jornal. “Livni disse que o reconhecimento de Israel como um Estado judeu não é uma condição para a retomada das conversações com os palestinos”.

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As afirmações sobre o reconhecimento ser uma pré-condição torna a distância entre as partes ainda mais extensa e causa o protesto dos palestinos, já que de acordo com vários analistas é esperado que a Autoridade Palestina (AP) não reconheça Israel como Estado judeu (o que pressupõe a intencionalidade israelense de demonstrar uma suposta “má-vontade” palestina com as negociações).

A racionalização por trás da recusa em reconhecer Israel como Estado judeu está no fato de que isso prejudicaria ainda mais os árabe-israelenses, ou seja, os palestinos que vivem em Israel e que aceitaram a cidadania israelense através dos Acordos de Oslo, da década de 1990. O receio é de que os palestinos vejam seus direitos civis ainda mais reduzidos em comparação com os dos judeus, já que também veem uma contraposição inerente entre a definição de um Estado judeu e a democracia.

Em relação às exigências palestinas para a retomada das negociações, o jornal disse que incluem a libertação de 123 prisioneiros políticos atualmente em prisões israelenses, o congelamento da construção de assentamentos, a transferência regular dos impostos recolhidos por Israel à AP, e o estabelecimento de um mapa com as fronteiras Israelo-Palestinas.

O jornal afirma que as pré-condições israelenses são a pausa nas ações unilaterais da AP na ONU, abortar o plano de denunciar Israel perante o Tribunal Penal Internacional, o fim à “incitação” contra Israel, e o reconhecimento de Israel como Estado judeu.

O secretário de Estado dos EUA John Kerry encontrou-se com Netanyahu e outros ministros do seu governo nesta segunda-feira (8), para discutir o impasse nas conversações entre Israel e a AP, e na terça também encontrou-se com Abbas, que disse comprometer-se com os diálogos e concordar com a pausa nas ações da AP na ONU em troca de concessões israelenses.

Com Middle East Monitor,
por Moara Crivelente, da redação do Vermelho