Mãe Stella de Oxóssi é eleita para Academia de Letras da Bahia

A ialorixá do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, Mãe Stella de Azevedo dos Santos, conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, agora ocupa a cadeira de número 33 da Academia de Letras da Bahia (ALB). A mãe-de-santo recebeu 22 votos dos acadêmicos em sessão realizada ontem (25/4), com a finalidade de escolher o novo nome para a vaga deixada pelo professor e historiador Ubiratan Castro, que faleceu em janeiro deste ano.

Mãe Stella tomou conhecimento através do presidente da Academia, Aranis Ribeiro Costa, e aceitou ser a nova "imortal". "Acredito que é a primeira vez que uma mãe-de-santo entra em uma Academia de Letras. Isso é absolutamente pioneiro, não tenho conhecimento disso em nenhum outra do Brasil ou do mundo. Representa o reconhecimento de uma cultura, de uma raça e da história de um povo. É uma figura notável", comemorou Costa.

Com 87 anos, Mãe Stella é graduada em Farmácia pela Escola Bahiana de Medicina. É a primeira vez que uma mãe-de-santo vai ocupar uma cadeira da entidade máxima da literatura baiana. Mãe Stella é colunista de um jornal de grande circulação no Estado e é autora de seis livros, como “E daí aconteceu o encanto”, “Meu tempo é agora”, “Opiniões” e "Epé Laiyé- terra viva". Em 2009, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

Integrantes do movimento afro e intelectuais acreditam que a eleição da ialorixá foi benéfica a academia, pelo trabalho que ela realiza junto à comunidade e sua importância para a literatura baiana. “É um reconhecimento da importância da nossa matriz. Mãe Stella é uma líder comunitária e tem conhecimento para honrar a posição que agora vai ocupar”, comentou Myriam Fraga, poetisa e diretora da Fundação Jorge Amado.

O poeta Castro Alves é o patrono da cadeira 33, que já foi ocupada por nomes como Francisco Xavier Ferreira Marques, Heitor Praguer Frois, Waldemar Magalhães Mattos, além de Ubiratan, que era presidente da Fundação Pedro Calmon. A Academia de Letras da Bahia, fundada em 1917, é composta por 40 cadeiras, com patronos, os primeiros que as ocuparam ou que foram homenageados, nominando-as.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro

Com agências