Declaração de Obama fere direito internacional, adverte Venezuela

Neste domingo (5), os representantes dos Poderes Públicos venezuelanos emitiram um comunicado oficial no qual rechaçaram categoricamente as recentes declarações ingerencistas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, emitidas durante a visita que fez ao México em 3 de maio. Na ocasião, Obama afirmou que no país caribenho não se observam os princípios básicos de “direitos humanos, democracia, liberdade de imprensa e de reunião”.

Obama - Aimg'venk, Gettyimages, Chip Somodevilla

“As opiniões emitidas pelo governo dos Estados Unidos, estão em desacordo com as mais elementares normas da convivência internacional, sem se preocuparem que nossos povos experimentaram mudanças profundas fruto de nossas intensas lutas por independência”, diz o texto assinado pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello; pela presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena; pela presidenta do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ), Luisa Estela Morales; pela Procuradora General, Luisa Ortega Díaz; pela Defensora do Povo, Gabriela Ramírez e pela Controladora Geral, Adelina González.

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Os venezuelanos denunciam que “as declarações de Obama se traduzem em uma ingerência, pretendendo mais uma vez o governos dos Estados Unidos adotar práticas colonialistas que deturparam as nações latino-americanas e do mundo, violando o direito à autodeterminação, como no caso dos povos que foram submetidos a um status de neocolônias; e praticando durante o século passado invasões aos países irmãos em nossa América”.

E ressalta que na Venezuela é evidente a vigência “dos princípios, garantias e direitos fundamentais da cidadania permitindo-se o exercício pleno de seus direitos, de expressão, livre trânsito, de informação, de voto e vontade soberana do povo, no contexto de apego ao princípio de direitos humanos progressistas.

Desconhecedor da América

"Não aceitamos de forma gratuita, não deixamos que nos ludibriem que é apenas mais uma afirmação, não é mais uma declaração. Ele (Obama) está a dar a sua aprovação, a ordem à direita fascista para atacar o povo da Venezuela", afirmou Maduro.

Em entrevista concedida à TV mexicana Univisión, Obama afirmou ter informes que provam que na Venezuela não são observados os princípios básicos de “direitos humanos, democracia, liberdade de imprensa e de reunião”. E acrescentou: “nosso único interesse neste momento é assegurarmos que o povo venezuelano é capaz de determinar seu próprio destino livre da classe de práticas que o hemisfério inteiro em geral baniu”.

O presidente estadunidense não quis responder se reconhece ou não a legitimidade de Maduro. “O hemisfério inteiro está vendo a violência, os protestos e os ataques à oposição”, afirmou em patente desconhecimento do que ocorre na Venezuela. E ressaltou que “nossa visão tem sido de que o povo venezuelano deve eleger seus líderes em eleições legítimas. (…) Nossa postura não tem nada a ver com ideologias, nem tem raízes na Guerra Fria”.

Violência para justificar intervenção

Na avaliação do jornalista e escritor, Aldemaro Barrios, o que está sendo planejado pelos Estados Unidos é um plano para criar cenários midiáticos de violência e assim justificar a intervenção naqueles países onde estão em jogo seus interesses.

“Hoje vemos um panorama normalizado, mas não esqueçamos que tanto a direita fascistas como o Departamento de Estado mantêm o manual aberto para uma intervenção”, declarou à VTV.

O presidente da Federação Nacional de Trabalhadores do Setor Público (Fentrasep), Franklin Rondón, a posição de ingerência de Obama é contra todos os processos revolucionários de transformação social e emancipação dos povos da América Latina e do mundo. Assim, não é algo exclusivo da Venezuela.

Da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva