Israel viola outra vez soberania síria e ataca região de Damasco

As Forças Armadas de Israel realizaram ataques aéreos na Síria, neste domingo (5), próximos à capital Damasco. O governo do presidente sírio Bashar Al-Assad considerou a ação uma declaração de guerra, condizente com as declarações agressivas do próprio primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. No meio da semana, entretanto, já havia informações sobre outro ataque israelense ao território sírio.

Ataque aéreo israelense à Síria - Al-Manar

A CNN no Pentágono (departamento de Defesa dos EUA) relatou na passada sexta-feira (3) que os “EUA creem que Israel executou ataques aéreos à Síria”, e que os “EUA e agências ocidentais de inteligência estão examinando dados secretos que mostram que é provável que Israel tenha atacado a Síria na noite de 5ª para 6ª-feira”, segundo funcionários do governo estadunidense.

“Há dados que já indicam que, no mesmo período de tempo, Israel movimentou várias aeronaves sobre o Líbano,” afirmava a correspondente da CNN, confirmando indiretamente denúncias feitas frequentemente por representantes de partidos libaneses, especialmente do Hezbollah.

Uma fonte não identificada do exército israelense disse à CNN que farão “o que for necessário para deter a transferência de armas, da Síria para organizações terroristas. Já o fizemos no passado e faremos o que for necessário no futuro,” dando continuidade ao mesmo discurso patente na suposta autodefesa de Israel, sempre na ofensiva.

O ministro da Informação sírio, Omran Zoabi, disse que "a Síria é um país que não aceita insultos e não aceita humilhação", referindo-se ao direito de autodefesa e resposta aos ataques israelenses.

Em confirmação dos ataques aéreos realizados por Israel neste domingo, nos arredores de Damasco, o jornal britânico The Telegraph propagou como de costume a suposta justificativa israelense para esta gravíssima violação do direito internacional: “Os aviões atacaram áreas próximas à capital neste domingo, causando várias explosões ao atingirem um comboio com mísseis altamente precisos, feitos no Irã, que provavelmente eram enviados ao Hezbollah”.

O jornal confirma também os ataques anteriores, afirmando que “o ataque [de domingo], o segundo em três dias, assinala uma vertiginosa escalada do envolvimento de Israel na sangrenta guerra civil da Síria”, referindo-se à ingerência agressiva israelense e à violação da soberania síria.

O próprio secretário britânico das Relações Exteriores William Hague defendeu os ataques israelenses, considerando-os parte do "direito de Tel Aviv à autodefesa". Por outro lado, os governos da Rússia e da China já condenaram os ataques, enquanto o secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon pediu "constrição" às partes.

  Associated Press

   Edifícios destruídos pelos ataques aéreos israelenses perto de Damasco, capital da Síria, neste domingo (5)

A Síria acusou Israel mais uma vez de apoiar os terroristas, incluindo grupos ligados a Al-Qaeda, que participam no conflito internos do país através do financiamento e armamento estrangeiro. Israel mantém uma presença militar ilegal nos Golãs sírios, ocupados pelas forças israelenses há quatro décadas.

Sobre o uso de armas químicas, cujas suspeitas haviam sido levantadas pelos EUA, por países europeus e por membros da Liga Árabe contra o governo sírio, os investigadores de direitos humanos da ONU disseram ter, ao contrário, “fortes suspeitas” de que os que fizeram de um agente nervoso, “sarin”, foram as forças rebeldes da Síria.

Carla del Ponte, uma das investigadoras-chefe, disse que uma comissão de investigação independente da Síria não tinha encontrado evidências de que as forças do governo tinham usado armas químicas, proibidas pelo direito internacional.

Israel também ameaça o regime iraniano de ataques aéreos por causa do programa nuclear persa, sobre o qual o governo do Irã mantém diálogos internacionais e disposição reiterada inúmeras vezes para esclarecimento dos fins pacíficos do seu desenvolvimento.

Condenações regionais

O ministro de Relações Exteriores do Irã Ali Akbar Salehi denunciou o ataque israelense à Sìria, evidenciando a ligação entre o regime israelense e os grupos terroristas que atuam no país, contra o povo sírio. Salehi deu as declarações em uma entrevista à emissora libanesa Al-Manar.

O secretário-geral da Liga Árabe Nabil Elaraby também advertiu sobre as sérias repercussões do ataque israelense e pediu ao Conselho de Segurança da ONU para "tomar medidas imediatas para barrar as agressões israelenses contra a Síria".

Elaraby descreveu os ataques aéreos israelenses como "grave violação da soberania de um Estado árabe, que complicará ainda mais a situação na Síria e expor a segurança e a estabilidade da região às mais sérias ameaças e consequências". 

O ministro de Relações Exteriores libanês Adnan Mansour pediu à Liga Árabe para tomar "uma posição fime com relação à agressão israelense contra a Síria", e disse que Israel está construindo o caminho "para uma agressão mais ampla que explodirá a região".

O presidente do Egito Mohamad Mursi condenou os ataques israelenses como violações do direito internacional, e advertiu sobre o impacto que complicará a situação no país.

A Argélia também condenou, no mesmo sentido, os ataques à soberania síria e à integridade territorial do país. O porta-voz do chanceler argelino Amar Belani disse que o país "exige que o Conselho de Segurança da ONU assuma a sua responsabilidade, colocando um fim a esses ataques brutais que pioram uma situação já degradada na região".

As Associações Profissionais da Jordânia também condenaram o ataque contra a Síria, classificando-o como "continuação das violações de Israel dos direitos dos árabes", e dizendo que "todos devem apoiar a Síria frente a esta agressão", pedindo aos árabes que se unam contra a agressão e a tentativa de intensificar diferenças entre eles.

Da redação do Vermelho