Profissionais da educação do PCdoB debatem o projeto da cidade

No último sábado (11), militantes comunistas e profissionais da área de educação reuniram-se na sede do Comitê Central do PCdoB com a secretária adjunta de educação municipal, Joane Vilela e com a presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de ensino – Contee, Madalena Guasco para discutir o projeto educacional da cidade e a Conferência Nacional de Educação – Conae.

Encontro com os profissionais de educação SP

O debate foi coordenado pela professora Valéria Leão, membro da direção municipal do PCdoB e responsável pela intervenção dos comunistas nessa área. “Além de discutir as ações políticas e ajudar na formulação educacional municipal, nós queremos elevar o patamar da nossa organização com a formação do coletivo de educadores municipal”, anunciou.

A complexa rede municipal de São Paulo que teve como precursor o escritor Mário de Andrade, em 1935, quando estava à frente da pasta de educação, hoje é composta de 935 mil alunos, 2.000 unidades (rede direta e indireta) e serve todos os dias 1 milhão e 800 refeições.

Além da sua complexidade, tem também o desafio de universalizar o acesso à educação infantil, meta que não é somente dos paulistanos e sim de todas as cidades do mundo, segundo estudo da Fundação Carlos Chagas.

O deputado estadual Alcides Amazonas lamentou o retrocesso que a educação sofreu nos oito últimos anos na cidade e também nos últimos 20 anos na política educacional estadual. “Ao invés do governador Geraldo Alckmin propor investir na educação, na saúde, no lazer e moradia para resolver a violência; ele prefere propor a redução da maioridade penal. Nós não teremos um país competitivo, forte e avançado senão investirmos pesado em educação”.

O presidente do PCdoB paulistano, Jamil Murad, enalteceu a importância da discussão sobre a educação, além da questão salarial. “Nós temos o compromisso de construir uma nação soberana, democrática e soberana e para isso tem que discutir educação, difundir a sua ideia para arregimentar milhares de pessoas para garantir esse projeto”.

Desafios

Joane Vilela, revela a razão do convite de Fernando Haddad para deixar Foz do Iguaçu e assumir a atribuição na secretaria. Com 27 anos de carreira na área, ela tem como referencial teórico o educador Paulo Freire. “Ele falava da importância da dialogicidade, que uma educação transformadora e progressista precisa do diálogo, que é fundante de toda teoria de Paulo Freire”.

A secretária disse que se incomoda muito com as “crianças que brincam nas ruas, no aperto das suas casas, nas lajes e não vem até o CEU, onde tem uma ótima estrutura para atividades de lazer e cultural para essas crianças”.

Na gestão de educação infantil que é prerrogativa do município, as metas anunciadas por Joane são ousadas. “Nós precisamos ampliar o atendimento e isso tem que ser feito com qualidade, com respeito ao profissional da educação”.

“O trabalho de educar e cuidar é indissociável, com multidimensionaridade da criança que precisa ter todas as dimensões atendidas, cognitiva, sociocultural, afetiva, ética; e o nosso professor sabe disso. Então, se a ampliação não for com qualidade, nós corremos risco com o nível de qualidade”, argumentou Joane.

A meta é construir 172 unidades em parceria com o Ministério da Educação e outras 71 em uma ação conjunta com o governo estadual, que já estão em andamento. A construção de mais unidades e um centro municipal de educação infantil.

Da mesma forma, a reorientação curricular e a gestão democrática são desafios da atual gestão. “Falar sobre a questão financeira e orçamentária não é contraditório com a discussão da gestão democrática. Nós temos condições de, inclusive, discutir orçamento participativo, grêmios e os conselhos de escolas”, propôs Joane.

A secretária adjunta enfatizou também a implantação do campus da Universidade Federal de São Paulo na região leste e a instalação do Instituto Técnico Federal, projetos que estavam parados na gestão anterior e que no primeiro mês dessa gestão, foram oficializados.

Uma das metas da secretaria municipal de educação é a inclusão de ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na grade curricular, assegurada pela lei 10.639/03 e que consta no Plano de Metas do governo municipal.

Para Matilde Ribeiro, secretária adjunta da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, o trabalho conjunto é essencial para que a implantação da lei. “Nós criamos um grupo de trabalho composto pela secretaria municipal de educação, cultura, de esporte e a Sepir com a ideia de, em poucos meses, fazer a necessária reelaboração dos caminhos para implementação dessas leis”.

Conferência Nacional da Educação

A presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de ensino – Contee, Madalena Guasco e também responsável do comitê central na área de educação, explanou sobre o processo de discussão e mobilização da Conferência Nacional de Educação.

Segundo Madalena, que é membro do Fórum Nacional de Educação, o momento de elaboração das conferências é importante porque o país é o único que tem um documento referencial que discute a concepção de educação com consenso.

“Nós temos um documento referência, elaborado na conferência em 2010, que diz que a sociedade brasileira e todos os sujeitos políticos que atuam na educação esperam da educação brasileira. Isso é muito importante”, relatou Madalena.

A educadora lembrou que na história da educação brasileira já foram realizadas diversas conferências, mas que não reunia todos os partícipes da área da educação de maneira democrática. “Hoje participam dessas conferências todos os sujeitos, desde os segmentos – professores, alunos, pais, trabalhadores da educação; o governo, através dos secretários, ministério e funcionários; empresários, através do sistema “S”; os gestores; os conselhos e os movimentos sociais”.

“Nós temos que construir um sistema nacional de educação no Brasil e essa é a bandeira fundamental para a próxima Conferência Nacional que permeia o documento referência”.

Como trata-se de uma lei de Estado que visa estabelecer diretrizes para toda educação, o processo de aprovação e sanção do Plano Nacional de Educação, que está em discussão no Senado, é mais moroso, por fazer parte de uma disputa de projeto de nação.

Fórum Municipal de Educação

O Fórum Municipal de Educação, organizado nessa semana, terá a responsabilidade da realização da Conferência Municipal de Educação, assim como a elaboração da atualização do Plano Municipal de Educação.

“O prefeito Fernando Haddad quer que o Fórum Municipal de Educação seja um espaço permanente de discussão dos principais desafios da área, como instrumento a mais para o exercício e diálogo social”, anunciou o vereador Orlando Silva.

Orlando será o relator do Plano Municipal de Educação na Câmara Municipal de Educação e julga que o plano é a tradução de ideias gerais que estavam sendo trabalhadas no plano nacional, mas que em nível municipal ele pode avançar mais na implantação das políticas nacionais.

De São Paulo,
Ana Flávia Marx