Prefeitura cria Observatório do Trânsito em parceria com ONU

A Prefeitura de Campinas lançou, no dia 14 de maio, o Observatório do Trânsito de Campinas, uma iniciativa implantada em 178 grandes cidades de 10 países com o objetivo traçado pela ONU (Organização das Nações Unidas) de qualificar as informações sobre acidentes e reduzir as mortes ocasionadas pela violência no trânsito. A iniciativa será coordenada pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde.

O evento aconteceu no Salão Azul do Gabinete do Prefeito, com a presença do secretário de Transportes, Sérgio Benassi e do secretário de Saúde, Cármino Antonio de Souza. O Observatório do Trânsito será composto por representantes das secretarias de Transportes, Saúde, Educação, Infraestrutura, Serviços Públicos, Assuntos Jurídicos, Direito das Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Segurança Pública, Comunicação e CIMCamp, além de representantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), PUC Campinas e Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (CMTT).

A cidade receberá R$ 250 mil do convênio para promover a base material de um grande banco de dados georreferenciados, que servirá de base para fazer coletas e análises de estatísticas, planejar ações e atividades conjuntas que busquem reduzir o número de acidentes com vítimas graves e fatais e aprimorar a fiscalização do trânsito.

“Esta é uma ferramenta de extrema importância para a nossa cidade, para que possamos planejar e executar ações eficientes no combate à violência no trânsito. Carros e motos são para o conforto e não para servirem como armas nas ruas”, afirma Sérgio Benassi.

Para o secretário de Saúde, Cármino de Souza, a área de atendimento dos hospitais tem dificuldades de fazer exames de rotina por causa do grande volume de casos de traumas na urgência e emergência. “Temos que fazer um esforço de toda a sociedade para minimizar os acidentes. Estamos vivendo um clima de guerra, devido ao número de sequelados”, avalia.

Banco de dados

O Observatório do Trânsito, que será oficializado por um Decreto Municipal assinado pelo Prefeito Jonas Donizette e publicado no Diário Oficial nos próximos dias, faz parte de um esforço mundial da ONU, que identificou que 62% das mortes no trânsito mundial estão concentradas em 10 países.

Por isso, desenvolveu o projeto denominado Road Safety 10 (RS10), ao qual o Brasil aderiu em maio de 2011 lançando o Pacto Nacional pela Redução de Acidentes – Um Pacto pela Vida, que visa buscar engajamento dos três poderes, nos níveis federal, estadual e municipal, além da sociedade civil, na luta contra a violência no trânsito. Causas externas são a terceira causa de mortes no mundo, entre estas causas está o trânsito.

Este é a primeira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e a segunda na faixa de 5 a 14, segundo os dados apresentados por Marta Maria da Silva, do Ministério da Saúde. “Estamos viajando pelo Brasil para combater esta epidemia de violência no trânsito, que se tornou um problema de saúde pública devido aos custos elevados que impõe ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, relata.

No mundo, em 2010, 1,2 milhão de pessoas morreram no trânsito, enquanto cerca de 50 milhões ficaram feridos. Naquele ano, a ONU traçou uma meta de reduzir em 50% as mortes no trânsito até 2020, firmado no Pacto da Década. No Brasil, em 2010, foram 43 mil mortes, 67% a mais que em 2000, quando houve 29 mil vítimas fatais.

“O objetivo é alcançarmos a meta e reduzirmos nossos acidentes pela metade em 10 anos”, afirma Rita Cunha, representante do Ministério das Cidades. Cerca de 1% a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) são gastos no atendimento a acidentes e combate à violência no trânsito, de acordo com os dados do Ministério da Saúde.

Em Campinas, algumas ações no sentido de mapear a violência no trânsito já estão em campo, como os cadernos de acidentalidade da Emdec – publicados no site www.emdec.com.br – e o Boletim de Mortalidade 49, estudo compilado pela Unicamp, Secretaria Municipal de Saúde e Emdec, lançado em abril, que apontam que as maiores vítimas do trânsito são motociclistas.

A Emdec através dos anos já coloca em prática ações de conscientização para redução de acidentes, como a campanha permanente Preferência pela Vida; e as ações educativas pontuais como: “Cuide-se! Na moto, pára-choque é você”; “A gente aprende. Agente ensina”; “P.a.r.t.y.”; a Semana Municipal do Trânsito, entre outras.

Apesar disso, entre 2010 e 2011 as mortes por acidentes de trânsito aumentaram 41,3%, saltando de 104 para 147 ocorrências. Em 2010, 40 motociclistas morreram no trânsito, o que representava 38,5% das vítimas fatais. Já em 2011, foram 69 mortes, representando 46,9% dos casos. O número de vítimas fatais no trânsito ocupantes de motocicletas teve um aumento de 72,5% entre 2010 e 2011.

A imprudência e a falta de respeito aos motociclistas têm sido motivos de acidentes, além do crescimento da frota de motos do município que subiu de 27 mil, em 1995, para 115.241, em 2011. Dos 17.818 acidentes registrados em 2011, 3.913 tiveram envolvimento de motociclistas, ou seja, 21,9%. Em 2000, estes participaram de 9,9% dos acidentes.

Reunião

Após o lançamento do Observatório do Trânsito, o trabalho já começou, e o grupo formado por representantes de todas as secretarias e instituições participantes fez uma primeira reunião para discutir cronograma de ação e plano de trabalho.

No começo de julho, os representantes de todos os observatórios do trânsito do Brasil – criados em todas as capitais mais Campinas e Guarulhos – farão um encontro técnico em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

De Campinas, com informações do portal da Emdec