5° Encontro Sindical Nacional do PCdoB reúne comunistas no Rio

 Aconteceu nesta quarta (15) e quinta-feira (16), no Rio de Janeiro, o 5º Encontro Sindical Nacional do PCdoB. O evento reuniu cerca de 200 comunistas que atuam na frente sindical em mais de 20 estados brasileiros. O encontro objetivou realizar um balanço político e organizativo da atuação dos comunistas sindicalistas em todo o Brasil e apontar perspectivas e tarefas para o crescimento do Partido junto à classe trabalhadora.

Renato Rabelo

 Durante a abertura do evento, o secretário nacional Sindical do PCdoB, Nivaldo Santana, fez um balanço da conjuntura política brasileira, os impactos da crise do capitalismo e a defesa de um novo projeto nacional de desenvolvimento como caminho para a realização do Programa socialista para o Brasil.

Segundo o dirigente nacional, a crise capitalista no mundo – que atinge com mais intensidade os EUA, o Japão e alguns países da Europa – alcança hoje dimensões planetárias. Ele reforçou o momento histórico de mudança na liderança econômica do mundo, com o deslocamento do centro dinâmico da economia mundial para a Ásia.

Nesse cenário de crise, Nivaldo lembrou que a América Latina tem sido um fator de diferenciação – através do avanço das forças progressistas em diversos países da região, uma maior distribuição de renda e a geração de empregos.

No Brasil, a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff significou uma viragem histórica para os trabalhadores, com a liquidação da política neoliberal. O dirigente nacional ressaltou, no entanto, que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Ele citou a precarização do mercado de trabalho, a gigantesca rotatividade e grande oferta de empregos de até dois salários mínimos e o grande índice de trabalhadores na informalidade.

“Quem atua na frente sindical deve ter um olhar mais atento. A situação melhorou, mas ainda temos muito chão pela frente”. Para o dirigente, o ambiente mais democrático para o trabalhador, criado a partir da eleição de Lula, é também uma questão essencial.

O presidente estadual do PCdoB no Rio de Janeiro e membro do Comitê Central, João Batista Lemos, também marcou presença e saudou a militância sindicalista no 5º Encontro. Para ele, esse é um momento decisivo para o acúmulo e fortalecimento do Partido entre os trabalhadores.

Batista citou a realização do 13º Congresso do Partido, em novembro, e o projeto eleitoral de 2014 como dois fatores decisivos para a militância sindicalista do PCdoB no próximo período. “Queremos aprofundar o processo de mudança iniciado por Lula, com soberania, democracia e direito aos trabalhadores. Para avançar, precisamos mudar a correlação de forças no Congresso”. Ele defendeu uma forte pressão política e social das massas para a efetivação dessas mudanças.

O dirigente estadual defendeu ainda o financiamento público de campanha como um dos fatores essenciais para a vitória de trabalhadores nas eleições. “Fortalecer o protagonismo político da classe trabalhadora é necessário para fortalecer o PCdoB. É necessário ainda fortalecer os trabalhadores na estrutura partidária, na composição da nossa classe na direção do Partido”.

Também presente, o presidente nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, salientou que o Encontro é um momento para a discussão do ponto de vista mais político e dos objetivos centrais do sindicalismo partidário no próximo período. Ele falou do crescimento da CTB no movimento sindical nacional e reforçou o objetivo de alcançar o posto de segunda maior central sindical do país.

O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, também participou, na tarde de quinta-feira (16), do 5º Encontro Sindical e foi recebido com entusiasmo pelos sindicalistas comunistas.

Renato pontuou que apesar do significativo avanço democrático, o processo neoliberalista ainda não está plenamente superado. E exemplificou que entre esses problemas estão a questão da democratização do Estado, através da democratização do Judiciário e dos meios de comunicação.

Em sua fala, o dirigente nacional afirmou que a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu um ciclo novo no Brasil. “Ele expressa a realidade dos anseios e reivindicações e perspectivas de forças democráticas, patrióticas, de esquerda que antes não tinham chegado ao centro do poder no país”.

Segundo Renato, a vitória de Lula em 2002 se deu em um novo contexto e só foi possível através da pactuação de outros compromissos e apresentação de uma aliança mais alargada. Ele observou que mesmo após o primeiro decênio de um governo popular progressista a sociedade brasileira ainda possui fortes “componentes conservadores, reacionários e retrógrados”.

“Deveríamos levar em conta que nesses 10 anos se estabeleceu uma transição da herança maldita neoliberal”, reforçou Renato. Ele explicou que para chegar ao centro do poder o governo Lula teve que fazer concessões e promover avanços. Segundo o dirigente, toda a transição deve ser vista do ponto das tendências da mudança e da continuidade. “Só que nessa transição fomos avançando nos interesses da maioria da nação, alterando a relação e a interação entre a questão democrática e social”.

Ele lembrou a urgência do governo em resolver a questão da fome, enfrentando dessa maneira os problemas mais urgentes e graves da sociedade brasileira. Outro ponto exaltado pelo dirigente foi a mudança nas relações internacionais e o reforço da soberania brasileira.

Ele abordou ainda a questão da frente parlamentar, de massas e da luta de ideias. “Não podemos separar as frentes. Temos que debater de forma franca e prévia essas questões. Partimos da ideia de que o trabalhador tem razão, para sempre avançarmos mais.”

“Nossa visão se articula em três questões fundamentais: soberania, democracia e progresso social. Para nossa natureza de Partido a questão do trabalho é fundamental, mas não podemos deixar de ver essas outras questões. Não poderemos seguir um caminho próprio de desenvolvimento sem soberania. O partido tem que ver essas questões de forma articulada”, salientou o líder comunista.

O Secretário Estadual Sindical do PCdoB-RJ, Fernando Nogueira, participou do encontro e salientou a importância do espaço: “O Encontro contou com a presença de vários quadros da Direção Nacional do partido, o que contribuiu muito para que houvesse uma troca de experiências dos militantes sindicais de base com os dirigentes. Um Encontro desse tipo é muito importante para formar a consciência comunista dos nossos sindicalistas, e para que a direção também tenha contato com as pressões que os nossos militantes sofrem em suas bases; isso ajuda a nortear a ação política do partido, tanto na via institucional como nos Movimentos Sociais. Revela também a importância da consciência política da militância na construção de um partido comunista de massas”.